quarta-feira, 7 de maio de 2008

Nas filas da 'democradura'

Mal Traçadas

Por Thiago Freitas

A semana, para milhões de eleitores, está sendo de sereno à noite e sol na cabeça durante o dia, sem direito a ir ao banheiro ou saidinha para o lanche. Isso acontece em quase todo o país, por causa das filas nos Cartórios Eleitorais que se abarrotam de gente no final do prazo para regularização do título. Sinais de uma democracia? Não, não. De uma "democradura".

O desespero que toma conta dessa gente, que vai meio como gado tocado, deve-se ao fato, ao simples fato de o voto, no Brasil, ainda ser tratado com obrigação, não como um direito. Direito, quando se o tem, tem também o direito de dele abrir mão. É o livre arbítrio, o que não existe em nosso sistema. Ou vota, ou paga multa, ou tem-se o título cancelado.

Há ainda, como forma de repressão, aqueles que são condenados pela opinião pública quando manifestada a idéia de anular o voto. Mais uma vez, prevalece a concepção do voto como obrigação, a qual se entranhou em nossa cultura pós-Ditadura Militar. Mas convenhamos: vendo Alair Corrêa, Marquinho Mendes, Jânio Mendes e Paulo César como candidatos, fica difícil não ser tentado a cometer ato tão "vergonhoso, desprezível, condenável, criminoso". Mesmo assim, neste ano, quero que o voto se dane. E seria de bom senso se todos aqueles que não encontraram entre os pré-candidatos um que tenha o perfil ideal para governar fizesse o mesmo, até que apareça um. Não sei quanto a você, leito, mas podem xingar, esbravejar, fazer o que quiser... Estou de greve. Não voto. Ou me dêem alguém competente (e honesto), capacitado (e honesto), democrático (e honesto), sério (e honesto), ou deixem como está.

Bom seria se além dos pré-candidatos, os eleitores também fossem melhores. Verdade. Esses que costumam vender o voto em troca de qualquer saquinho de cimento, um carguinho qualquer na prefeitura, no gabinete daquele ou outro vereador, uma cadeirinha para esquentar a bunda nessa ou naqueloutra secretaria, façam assim: não votem. Fiquem em casa quando chegar o domingão da corrupção. Ganha a sociedade, ganham os cidadãos de bem, ganha a democracia verdadeira.


*Jornalista

Um comentário:

Anônimo disse...

bom dia,

acho realmente que deixar essas pessoas que voce diz que trocam votos por saquinho de cimento decidir por voce é mais alienação que o simples fato de buscar informações sobre os candidatos, analisar seus rogramas de governo e por que não dar oportunidades aos que nunca governaram para ver como se sairão.
Realmente anular o voto não é ser revolucionário e sim ignorante!