sábado, 17 de novembro de 2007

Via de mão dupla

Nossa Imprensa

Octávio Perelló

Eis uma máquina de fazer doidos, a assessoria de imprensa, tal e qual uma redação. Sobre o balcão que as divide, pendula o martelo do mercado, este ente impiedoso que dita ao jornalista qual o caminho a seguir. Desta oscilação jorram histórias sobre parcerias e confrontos, e surgem ineditamente ações entre um e outro lado, fazendo-os ter de lidar com situações novas, muitas destas jamais previstas pelas escolas de jornalismo, tanto a acadêmica quanto a prática, a de domínio adquirido no exercício do trabalho.

Muitas são as discussões sobre ética, envolvendo acusações e desconfianças de ambos os lados. Por vezes o vilão é o assessor de imprensa, supostamente rendido ao rol de interesses que divide com os clientes que atende. Por outro ângulo, os interesses comerciais dos órgãos de imprensa, jamais assumidos desnudamente, recebem farpas de que privilegiam clientes em detrimento dos que “não estabelecem a parceria”. No meio, o cliente, umas vezes satisfeito por ter “saído bem na foto”, e outras tantas acuado com “ameaças de ataque” ou mesmo atingido pelo “bombardeio”.

[um dos esforços básicos do jornalista em assessoria de imprensa é delimitar fronteiras, para que não confundam sua atuação com o marketing, que é outra história]
Tem força o jornalismo, e o que o cliente espera do assessor de imprensa, que a priori transita os dois lados do balcão, é que trabalhe essa força, fazendo-a vir ao encontro e não vir de encontro aos objetivos de seu negócio. É aí que se formam as raízes dos erros comumente cometidos tanto por pequenas e grandes empresas quanto por homens públicos no exercício de suas gestões. Na lida com a mídia, privilegiam a sua mensagem, por vezes transitando em paralelo aos fatos, não somente no sentido dos acontecimentos noticiados, mas também no tocante à realidade do sistema, esta engrenagem que se permeia de negócios e parcerias. O profissional de ambos os lados do balcão sabe os limites tênues da propalada liberdade de imprensa, que existe relativamente, pois divide o espaço com as regras comuns do mercado, onde o produto é a informação, seu benefício é a boa imagem, e se paga o preço. Neste contexto, quando se erra a mão, as mensagens vão além da medida, além do que deveriam, além dos fatos e dos preceitos éticos.

Nesse imbróglio, um dos esforços básicos do jornalista em assessoria de imprensa é delimitar fronteiras, para que não confundam sua atuação com o marketing, que é outra história, que logicamente inclui a comunicação como um braço. Ao utilizar-se da ferramenta assessoria de imprensa, o cliente pretende ocupar espaços destacados nos veículos de comunicação. E, por sua vez, os profissionais de imprensa de cada lado do balcão, sob o impacto do martelo, muitas vezes se perdem, no sentido ético, o que não quer dizer que não atinjam os objetivos, que não demonstrem “competência” sob a ótica do mercado.

Se hay cuarto poder soy contra, pero no mucho

No fundo há um jogo disputado por políticos, empresários e jornalistas: o jogo da verdade. Ambos se imbuem de um poder de representação da sociedade, por vezes até messiânico, em busca de um embuste de mensageiro do além, aquele que tem a visão privilegiada da verdade. Isto tem servido, por todos esses anos, aos jornais, rádios e TVs. Tem poder a imprensa, e nela proliferam argutos profissionais que adoram o que fazem, acreditando serem habilitados a nomear e destituir homens públicos, o que os fatos comprovam ocorrer.

Podemos exagerar, sem medo: não fosse a imprensa, somente os livros não dariam conta da História. Do mesmo modo que temos de admitir, como de todo, em todas as instâncias da sociedade e instituições, a infiltração da prática charlatã. Ainda que questionável, tem força, mesmo que momentânea. Evidentemente, muitas “armações” chacoalham para lá e para cá, em meio à opinião pública, e não se sustentam por muito tempo. Mas aí, muitas vezes o estrago foi feito e pouco há que fazer. De um lado e de outro do balcão há injustiças. Há infindáveis exemplos de episódios em que imagens foram maculadas, atingindo honras, e outros em que paladinos da mentira sustentaram sua voz com os recursos midiáticos de que dispõem.

Sou da modesta opinião de que este assunto, que não se esgota nestas mal traçadas linhas, requer sempre o esforço do bom profissionalismo, para não aviltar de vez um mercado que tem sua nobreza, com certeza, mas precisa ser frequentemente depurado. Tem poder a imprensa, e é bom que o tenha, mas o filtro da ética será sempre seu dispositivo regulador invisível. Tem, sim, poder a imprensa. Não sei se mais que os políticos e empresários, mas faz seu estardalhaço aqui e ali. Certamente que isto é melhor do que a censura brutal que inibe a liberdade de expressão, porém se é mesmo a imprensa o quarto poder, tanto para contribuir com a evolução da sociedade, quanto para cometer também seus erros imperdoáveis, não consigo evitar que escape certo gosto pelo humor de parodiar uma velha e desbotada frase: - Se hay cuarto poder tambien soy contra, pero no mucho!

* Jornalista, bacharel em Arquivologia e especializado em gestão de Centros de Documentação e Informação, atualmente diretor-geral da Câmara Municipal de Cabo Frio e colaborador da Revista Cidade, com passagens por importantes assessorias de imprensa e agências do Rio de Janeiro, tais como Bradesco Seguros e Previdência, Básica Comunicação, Shopping de Comunicação e FSB Comunicações, e veículos, agências e assessorias de imprensa do interior do Estado, como Folha dos Lagos, O Canal, Cox Propaganda, Humanóides Produtora, Prolagos e Prefeitura de Búzios. Autor de Memórias de um mouro (Prêmio IV Concurso de Contos da Prefeitura de Niterói, publicado pela Niterói Livros em 2006) e Colóquios de Vespúcio e Colombo (Prêmio Teixeira e Souza de Literatura 2003 / Prefeitura de Cabo Frio).

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Amigos da escola e inimigos da Educação

História & Sociedade

José Francisco de Moura


A última novidade na educação em nosso país é o chamado Amigo da Escola. Alguns pedagogos e a Rede Globo têm apoiado esta idéia. Trata-se de convencer as pessoas da comunidade a prestarem serviços gratuitamente para a escola do seu bairro. Ou seja, trabalhar de graça em nome de uma suposta melhoria da educação. Parece piada, mas não é: querem que você faça gratuitamente aquilo que o Poder Público, a Rede Globo e a grande maioria dos pedagogos não fazem.

Enquanto isso, essa mesma educação se constitui, hoje, em um mar de fraudes trabalhistas sem precedentes na nossa história, provocando, principalmente, baixos salários, direitos trabalhistas não pagos e desemprego. Do professor, peça fundamental na educação, ninguém quer ser amigo.

Nos magistérios estaduais, além dos salários ridículos, temos a malfadada GLP, nome pomposo dado às horas extras. Há professores que trabalham até 24 horas nesse sistema. Alguns fazem até 48 horas semanais em sala de aula e 64 horas no total por uma única fonte pagadora, numa verdadeira afronta à lei. A GLP não conta para a aposentadoria, tira empregos de professores concursados que não foram ainda chamados e de novos professores recém formados. É dada, quase sempre, a amigos de diretores, de coordenadores ou de políticos, numa verdadeira promiscuidade com o dinheiro público.

Nos magistérios estaduais e municipais temos também outra fraude: o contrato temporário de trabalho. Ao invés de promoverem concurso para suprir a carência real de professores, muitos governos contratam o professor temporariamente e vão renovando esses contratos anos a fio, obviamente se estes professores não criticarem os governantes e os vereadores e deputados amigos. Em geral, o mesmo não vale para a experiência em carteira ou para a aposentadoria, não dá direito a férias ou a décimo-terceiro. Como a seleção não obedece a nenhum critério, esses contratos são distribuídos novamente a amigos de diretores, de coordenadores de área, de políticos ou de pessoas influentes. O contrato pode ser rescindido a qualquer hora, ao sabor da vontade do político ou de seus asseclas dentro dos colégios.

Nas escolas particulares de níveis Fundamental e Médio encontramos professores sem carteira assinada, muitos ganhando menos que o piso e vários professores sem receberem décimo-terceiro e férias. Salários atrasados também são uma constante na maioria dessas escolas.

No magistério público superior temos o cargo de Professor Substituto, o maior embuste trabalhista da história da educação superior deste país. O professor é contratado em regime de trabalho temporário, ganhando uma miséria (cerca de R$ 600,00). Ele não tem vínculo efetivo com a instituição, não comprova experiência em carteira e o seu tempo de trabalho não conta para a aposentadoria. O professor substituto não tem direito a décimo-terceiro e férias. E, principalmente, tira emprego de professores qualificados, com mestrado e doutorado e que podiam ocupar as vagas via concurso público, quando este último, obviamente, também não se configura em fraudes para colocar amigos dos examinadores das bancas.

Em algumas universidades particulares também encontramos diversas irregularidades trabalhistas, como salários bem abaixo do piso, direitos trabalhistas não pagos, pagamentos de aulas efetuados por fora para não pagarem FGTS e proliferação de cursos à distância sem remunerar adequadamente o professor, que, aliás, neste caso, nem é considerado como tal, mas como Tutor, uma nova “profissão”, inventada para fraudar a lei e obterem mais lucros.

Diante desse trágico quadro aqui resumido, o que faz a Justiça Trabalhista Brasileira e o Ministério Público? Rigorosamente nada. Apenas assistem a tudo passivamente. Os promotores públicos e os fiscais trabalhistas poderiam ser os verdadeiros Amigos da Escola se fossem investigar o que aqui exponho e cumprissem a lei.

Dessa escola que aí está eu quero ser o maior inimigo. Amigo, nunca!



*Professor de História e doutor em História da Grécia


terça-feira, 13 de novembro de 2007

Lula e a ética do dominado


Esquerda, volver


Avelino Ferreira

Após observar o Governo Lula sinto reforçada a idéia de que precisamos de uma filosofia latino-americana. O operário-Presidente nada diz que nos dê uma perspectiva para sair do jugo europeu (mente) e americano (corpo), pois está reproduzindo o que aprendeu, ou seja, a ética do opressor ou a assimilação de tudo aquilo que desejam os dominadores. Lembremos que uma assertiva muito comum por aqui foi “o que é bom para os americanos é bom para os brasileiros”. Por isso continuamos a querer ser como eles, sendo este o caminho (único) do “desenvolvimento”.

[o dominado é levado a desejar ser como o dominador, o “adulto”. Não tem consciência de que jamais o será. Ao contrário, será sempre o escravo, criado e
mantido para servir
]


A questão a ser posta para um amplo debate, penso eu, é a da subjetividade do dominado. O dominado se vê como criança que um dia se tornará adulto. Seu desenvolvimento deve ser “natural”, entendendo-se “natural” o que o sistema eurocêntrico (e americanocêntrico) nos diz ser e, sendo eles os modelos de “adultos”, obviamente devemos ser como eles. Dessa maneira, o dominado é levado a desejar ser como o dominador, o “adulto”. Não tem consciência de que jamais o será. Ao contrário, será sempre o escravo, criado e mantido para servir.

É assim que age o dominado quando assimila a ética do opressor. E é assim que o opressor o mantém sob seu domínio, sem necessariamente tê-lo como colono. Até porque já o somos enquanto pensamento e enquanto entrega da nossa corporeidade. O nosso discurso é o do desenvolvimento, do consumo, do bem-estar a partir do consumo. Tudo, enfim, que o dominante quer que falemos e façamos. Ao assimilar tal discurso, seremos sempre dominados, vitimados.

Ainda há uma saída, pois os dominantes não eliminaram o “nacional” que há em nós. O que temos que fazer é assumir esse nacional, contrapô-lo à maneira pela qual nos enfiam goela abaixo a globalização e adotarmos uma ética própria, uma ética do dominado, da vítima, como propõe, entre outros, Enrique Dussel. Na verdade, o filósofo propõe uma ética global periférica e não nacional.

Com um novo pensamento, uma ética própria, por certo evitaríamos a perpetuação do eurocentrismo e do americanocentrismo e trilharíamos o nosso próprio caminho sem que tenham que nos dizer do que devemos gostar, qual modelo seguir, o que temos que pensar, mesmo quando nos insurgimos. Sim, pois até a insurgência ou o contradiscurso é-nos dado pelos opressores. Sequer nos perguntamos o porquê de adotarmos o mesmo sistema que nos escraviza. Talvez porque não tenhamos a consciência de que somos escravos.

Os europeus dominam as nossas mentes (é uma dominação formal) e os americanos dominam os nossos corpos (via práxis). Quando Lula fala em desenvolvimento, está claro que se refere ao desenvolvimento dos dominadores. Então, não temos perspectiva de liberdade, de uma vida que não seja a de robôs cujas memórias são limitadas pelos criadores do nosso pensamento.

Quando sustentamos a idéia de um contra-discurso à ética que nos foi imposta, utilizando argumentos extraídos da nossa raiz de dominados e não os argumentos que nos são dados pelos próprios europeus (e americanos), somos vítimas das vítimas que não se sabem vítimas. Enfrentamos a ironia dos cínicos e dos que ainda não entenderam que temos que fazer a negação da negação e olharmo-nos como o outro em relação ao europeu – americano. Por tudo isso, a maneira de governar de Lula conduz ao aprofundamento do abismo que nos separa de nós mesmos.


*Jornalista, pós-graduado em Filosofia, residente em Campos dos Goytacazes. Ficou conhecido nacionalmente por ter sido o primeiro jornalista preso por crime de opinião pós-Ditadura Militar, em 2003. O motivo foi um texto em que criticava a decisão de um juiz do município de Miracema, Noroeste Fluminense.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Ligações perigosas

Na toca com o lobo

Fausto Wolff

A nossa elite rouba. Cá entre nós, se déssemos à elite sueca os mesmos incentivos que damos aos nossos bancos, ela titubearia, mas não por muito tempo. Quando o roubo é parte fundamental do jogo - pensarão - quem não rouba vira trouxa. Há anos venho lhes dizendo: desconfiem das coincidências. Porque as coisas acontecem e desaparecem num tempo certo. Por que Sarney e Figueiredo ganharam seus anos extras? Por que Collor de M., que deveria estar num hospital para curar sua mania de grandeza, decidiu comportar-se como amador e ficar com a parte do leão-marinho? FHC cumpriu seus compromissos de vender a preço de banana uma terça parte do Brasil e hoje é um homem riquíssimo. E o sr. Luiz Silva, que viaja pelo mundo para coisa nenhuma, pois seu governo já estava previsto desde o primeiro dia do primeiro mandato? Eu, pessoalmente, acreditei que mais gente se desligaria do PT ao ver a suposta causa socialista transformada em nojenta caridade logo nos primeiros dias de governo.

Acompanhem meu raciocínio. O sr. Luiz Silva está há mais de quatro anos no poder sem fazer outra coisa senão distribuir dinheiro entre ricos e miseráveis. Os ricos (Fiesp, FNI) de São Paulo podem reclamar no atacado, mas, no varejo, o que se ouve é: "Estamos com o sr. presidente". Ele pode até muito bem não saber onde está, mas a graduagem sabe. Senão, vejamos: ninguém sabe quantos ministérios temos (tem um que só está aí para receber no presente, funcionar no futuro - o longo prazo) e ninguém sabe para onde vão os bilhões arrotados todo dia na TV.

A verdade é que o nível da imprensa mundial baixou muito, principalmente o da americana, que, durante quase seis meses, acreditou que Saddam tinha realmente armas nucleares. Mas o pessoal da pesada deve estar fazendo pipi nas calças de tanto rir: quase cinco anos de governo e quase uma dezena de Comissões de Inquérito, que paralisaram o governo, puniram três pessoas (sem cadeia, é claro) e reelegeram o mesmo presidente, que já fala que não existem duas sem três.

Outro lobo rosna na escuridão, o militar, cada vez que alguém fala em punir os crimes cometidos durante a ditadura milagrosa, que acabou juntando num mesmo partido as esquerdas e as direitas. Nem todas as Forças Armadas colaboraram com a ditadura, mas os descontentes falam do Clube Militar sem respeitar as instituições por onde passaram tantos heróis que não se enlamearam junto com os torturadores. Um jornal paulista publicou, há algumas semanas, um artigo assinado por dois capitães de Mar e Guerra, Luiz Carlos de Souza Moreira e Fernando de Santa Rosa. Eles se perguntam por que o Comando Militar se põe em defesa daqueles que torturaram e executaram presos que não podiam reagir, abusaram sexualmente de homens e mulheres e ocultaram cadáveres.

Eis, sintetizando, o que disseram os dois capitães de Mar e Guerra em reportagem publicada na Folha: "O ideário do chamado 'capitalismo selvagem', que ungia as ações da nova ordem mundial, sob a liderança dos EUA, exigia que fossem contidos todos os governos que, politicamente, demonstrassem uma posição antagônica a seus interesses e mostrassem preocupações com as questões sociais dos seus povos. (...) Prevaleceu a 'velha cantilena', que deu origem à ridícula história de que 'era preciso impedir o avanço do comunismo internacional'. (...) Só para lembrar, no Brasil estava em vigor uma Constituição que proclamava a liberdade de pensamento. E exercia a Presidência da República, de modo legítimo, o senhor João Goulart. O que se lamenta é que a muitos dos nossos colegas, à época jovens oficiais, (...) foi ensinado, durante a ditadura, que a ideologia da segurança nacional se sobrepunha a qualquer outra. Passaram anos sem liberdade, (...) sem o direito de professar qualquer credo político que não fosse afinado com esse pensamento, porque, se o fizessem, seriam 'demonizados'."

Duas forças precisam estar bem unidas para se gerir um golpe. Como em 1964, quando tínhamos, de um lado, um governo medíocre, cercado de traidores, e Forças Armadas e carentes. Do outro, os interesses americanos e a força da imprensa, sobretudo a TV. Ocorre que um canal é uma concessão do governo. Sem o nihil obstat do governo, uma quarta parte da Câmara e metade do Senado ficarão sem o que precisam para eleger quem quiser em suas regiões. E é por isso que está pegando tanto o caso Renão-saí-mas-só-estou-dando-uma-volta. Que forças extraordinárias tem este homem? Que segredos civis e militares conhece para paralisar um país continental? A princípio, ele e seus aliados têm estações de rádio e TV nas mãos e as notícias, principalmente, quando deturpadas, chegam ao povo e o povo comprado, enganado, explorado, gongado, vota.

Os militares e a imprensa - TV Globo mesmo ainda não operando à frente - convenceram a classe média de que algumas centenas de comunistas tomariam o poder com o beneplácito de Jango. Com navios de guerra americanos ancorados pertinho da Praça Mauá, nunca foi tão fácil transformar uma democracia com alguns defeitos numa ditadura com todos os defeitos. Os jovens oficiais não se deram conta do que estava ocorrendo e fizeram o que lhes fora ensinado toda a vida: obedeceram sem pensar. Quarenta e três anos depois, se quiserem alegar comunismo, terão de alugar umas três Kombis para levar uns 20 velhinhos como eu, que não agüentarão as porradas até o Doi-Codi. Hoje a desculpa será a roubalheira e a impunidade totais. Estou com medo, mas me seguro nas palavras dos capitães de Mar e Guerra: "Golpe, não".


*jornalista e escritor



Ps.: O escritor e jornalista Fausto Wolff foi convidado para colaborara com este blog. Por motivos de saúde, não teve condições de apresentar originais, mas gentilmente permitiu a republicação dos seus artigos publicados no Jornal do Brasil. A isto, o Lagos Alternativa, carinhosamente, agradece.

Cabo eleitoral

Paulo & Pauladas

Paulo Freitas


Houve nos Campos dos Goitacás e adjacências um candidato a vereador que, corpo a corpo, cabalava votos com o slogan “Vote em mim que roubarei para nós dois”. Os eleitores riam e estimulavam o candidato:

- Este é o homem, vai logo aos finalmente. Quer se eleger pra roubar os cofres públicos e dividir com seus eleitores.

As pesquisas indicavam que o despudorado candidato seria o mais votado, ameaçando a reeleição de Carlito, o prestigiado líder do governo na Câmara, que receoso de um revés, mandou buscar Teobaldo no “escritório”. Era como se referia à quitanda do velho Amaro do Capão. O cabo eleitoral deu uma valorizada.

- Se o doutor vereador quer falar comigo, que venha aqui, que é pra me dar prazer na hora que for embora.

E se escangalhava de rir. Todo gabola, Teobaldo se vangloriava de ter descoberto a razão pela qual sua presença era tão requisitada. Certo da presença, Teo já havia convocado quase todos os moradores do bairro, especialmente os votantes.

- Pinga e cerveja por conta do vereador, ma só para quem apresentar o título de eleitor. Se não for eleitor não vai beber – ameaçava.

Enquanto esperava, Teobaldo distribuía simpatia. Queria demonstrar poder. A língua de Nezinho comichava, tal a vontade de falar umas verdades para o colega. Depois que entornou o quinto copo de pinga, Nezinho empolgou-se, já com a língua dormente e enrolada.

- Zeobaldo, o povo zaqui zirou a casaca. Zá todo mundo pensando em votar no ladrão.

- Mas não é esse o nosso canditaod, homem? – confundiu-se, imaginando que Nezinho fazia alusão a Carlito.

- É noutro ladrão, Zeobaldo, um candidato lá da Baixada da Égua. O nome dele é Ladrão ,mezzmo. O povo zaqui canzou de zer enganado – concluiu o colega.

Todos concordaram em virar a casaca, acreditando que depois de eleito o Ladrão da Silva voltaria para dar a parte que lhes cabia. Não podiam imaginar que o dito cujo candidato acabava de adentrar o recinto e procurando justamente por Teobaldo, de quem tivera as melhores referências. Após os cumprimentos, o candidato atacou:

- Quero um particular com o dileto amigo – insinuou-se, de boquinha na orelha de Teo. – Trago aqui uma proposta para você ser coordenador geral de minha campanha.

- Duas coisas matam de repente: tiro pelas costas e político ladrão de frente. Entro nessa não, senhor – rebateu o cabo eleitoral, maldizendo a hora que aceitou um adiantamento financeiro de Carlito. Ainda assim, o candidato não desistiu. Resolveu pegar uma carona naquela concentração de almas à sua frente. Acreditava que Teobaldo se renderia ao seu talento.

- Povo do Capão, para cada escola que eu vou construir, será uma cadeia que nós vamos fechar. Votem em mim, pois roubarei para nós todos. Ladrão por ladrão, vote nesse irmão. O mal desse prefeito não é falta da persistência, mas sim a persistência na falta. Vamos mudar, vamos romper com esses políticos que comem sozinhos, que não distribuem uma migalha dos bilhões que amealham com seus eleitores. Quem roubou, roubou; quem não roubou não rouba mais.

O povão delirava, enquanto um vistoso quarteto de moças em trajes sumários distribuía os santinhos do candidato, cuja logomarca era um bem nutrido gato deitado sobre um monte de dinheiro, com a indefectível expressão “colaboração de amigos”, para burlar a justiça eleitoral.

Teobaldo sentia-se impotente diante da verborragia do candidato que brilhava na seara alheia e pressentia que eu rebanho havia se desgarrado. Mas eis que Carlito chegou no possante chapa branca. Nunca ninguém soube pra quem foi a estrepitosa vaia que se seguiu, se para a chegada de Carlito ou para o orador que concluiu sua fala com um “tenho dito”.

- Candidato ladrão devia ter só dois dentinhos, um em cima e outro embaixo. Um para ficar doendo dia e noite sem parar, outro para abrir garrafas e cerveja aqui na quitanda – atacou Teobaldo. A platéia aplaudiu. Carlito gostou. E Teobaldo foi em frente:

- Vereador ladrão deixa a Prefeitura sem dinheiro e o povo sem vergonha na cara. Meu amigos do Capão, este candidato ladrão que fechar as cadeias para não ver ele mesmo o sol nascer quadrado, tá legislando em causa própria. Se ladrão fosse dinheiro, ele seria uma nota de três cruzeiros, posto que é falso, é matreiro. É o candidato-carvão, que suja e queima seus adversários... Acaba de chegar o verdadeiro defensor do nosso bairro, o vereador Carlito, o pai dos pobres, o amigo certo... – e foi por aí, sempre muito ovacionado.

Mantalmente, Carlito calculava quanto haveria de lhe custar tamanha prosopopéia. Seu sorriso era uma careta de preocupação. Teobaldo aproveitou para demonstrar que havia rejeitado uma proposta milionária para trair Carlito.

- Prefiro receber um milhão das mãos de Carlito, porque sei que a procedência é boa, que é dinheiro ganho honestamente, a receber os 10 milhões que esse tal de Ladrão me ofertou, obtidos por meio da espoliação dos cofres públicos. E digo mais, senhores, meu gadinho: se ser ladrão é bom, porque então só existe esse ladrão-candidato?

Carlito quase teve uma sincope. Teobaldo exagerou na pedida. Alguém gritou:

- Prendam o Ladrão!

- Prender, não! Vamos dar uma coça de pau nesse salafrário – exagerou um outro.

O candidato da Baixada da Égua desapareceu no ar, deixando pra trás as moças que panfletavam, imediatamente incorporadas por Carlito à sua camapanha. Todos cumprimentam e elogiam o vereador Carlito. A muito custo, Teobaldo arrancou seu líder político dos assédios para confabular num canto da quitanda.

- Faz um checão generoso aí, Carlito. Mas bota zero a balde, bota zero à direita à vontade porque reusei uma grana preta para ficar contigo. A coisa tava feia pro teu lado – apelou o assessor.

- Quantos zeros? – arriscou-se a perguntar.

- Pelo menos uns seis – exagerou Teobaldo.

- Negócio fechado, mas se você dividir em duas parcelas.

Teobaldo topou, claro. Afinal, era dinheiro demais.

- Vou fazer dois cheques; com um e três zeros para agora e outro com mais um e três zeros pro mês que vem...

Emocionado, o assessor nem reparou nos valores, guardou-os no bolso confiante como sempre o fez. Ao se despedir do chefe político, Teobaldo segredou em tom de recomendação:

- Carlito, às vezes a gente conta um mentira e ninguém foca sabendo. Gostei de ver sua conduta aqui hoje. Até um imbecil passa por inteligente quando fica calado.

O vereador agradeceu orgulhoso e foi bater noutra freguesia.





* Jornalista e escritor

sábado, 10 de novembro de 2007

Mas que bobagem, as rosas não falam

X-Tudo
Cacau

Em marketing, percepção é mais importante que realidade. Ficou conhecido no Brasil, o caso da Kaiser no Rio de Janeiro, que, num dado momento, acabou rejeitada pelo consumidor a ponto de ser, com o tempo, completamente alijada do mercado. Até hoje não encontrou o caminho de volta. Ora, quem conhece cerveja sabe que as cervejas Pielsen têm todas a mesma origem e, com pequenas exceções, são fabricadas mais ou menos do mesmo modo. Não há diferenciais relevantes de produto. Eu mesmo já conduzi alguns “blind tests” – os chamados testes cegos – entre as principais marcas de cerveja do país e, por curiosidade, da última vez, coloquei a mesma cerveja fazendo o papel da marca A, da marca B e da marca C. Precisavam ver. Ora idolatravam a A e detestavam a B, ora amavam de paixão a C e odiavam a A. Um espetáculo digno dos melhores picadeiros.

O que estou querendo dizer – mal comparando - é que, em épocas de eleição – salvo algumas poucas exceções – os candidatos meio que perdem a estribeira e tentam se fazer passar por criaturas tão cândidas quanto, digamos, Madre Tereza de Calcutá ou tão eloqüentes quanto Cícero no senado romano. Ficam ridículos. Há ainda os que se escondem atrás dos próprios gabinetes e os que tentam mudar as aparências na expectativa de, com isso, rejuvenescer a própria personalidade. No fundo, são todos mais ou menos da mesma origem. E poucos resistiriam a um teste cego. (tenho dúvidas se alguns encontrarão o caminho de volta).

Não adianta tapar o sol com a peneira. O povo, que definitivamente não é bobo, sabe separar o joio do trigo, o que é verdade do que é engodo, o que é puramente percepção do que nada tem a ver com a realidade. Sabe que estará sendo testado o tempo todo. Sabe que lhe estarão prometendo coisas mirabolantes como pencas de bananas e dúzias e dúzias de rosas. Mas que bobagem, as rosas não falam...
*Publicitário e jornalista

Sétima Arte - Um filme e o obscuro humano




Por Alexandre Bastos


O poeta inglês William Blake dizia que o ser humano encerrou-se em si mesmo, a ponto de ver tudo pelas estreitas fendas de sua caverna. A verdade é que temos uma grande facilidade para julgar, condenar, humilhar e diminuir nossos semelhantes. Sem saber que tudo passa pelo nosso filtro interior. Então, quando atacamos alguém, estamos despejando nossos medos e frustrações em uma pessoa que reflete o que somos. Não é o outro, é o "eutro".

Ao ver "Crash – No Limite", filme vencedor do Oscar 2006, o espectador tem a oportunidade de ver além das fendas de sua caverna. O filme é o retrato dessa sociedade que aparenta modernidade, mas que no fundo continua preconceituosa, rancorosa e arcaica. Vemos muitas pessoas rezando, bancando as boazinhas, mas que precisam de muito pouco para mostrar que não passam de farsas ambulantes. Uma das frases de divulgação de "Crash", diz: "Você pensa que conhece a si mesmo? Você não faz idéia". E o diretor e roteirista Paul Haggis mergulha nas profundezas e anda pelos corredores escuros da mente humana. Haggis,que possui vasta experiência na televisão americana, surgiu no cinema ao escrever e produzir o premiado "Menina de Ouro", de Clint Eastwood,que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de roteirista.

A idéia de "Crash" surgiu quando o próprio Haggis se envolveu em um acidente automobilístico. Aos poucos ele foi entrelaçando diversos personagens sem aparente conexão na cidade de Los Angeles. A história é desenvolvida de forma direta e faz com que os espectadores se identifiquem com as situações apresentadas. Uma, em especial, é marcante. A rica dondoca interpretada pela Sandra Bullock humilha um chaveiro. Na cena, vemos uma mulher frágil que encontra naquele homem uma forma de dar vazão as suas frustrações.

"Crash" apresenta policiais e ladrões, ricos e pobres, poderosos e indefesos. O filme e concentra em pequenos núcleos que aos poucos vão se entrelaçando. O rico casal negro que entra em conflito ao sofrer uma abusiva revista policial. O promotor oportunista e sua esposa fútil. A família persa que, após 11 de Setembro, tenta se manter em um país que os vê com desconfiança. Além de uma dupla de jovens negros assaltantes. Não há espaço no roteiro para personagens principais. Todos são relevantes na mesma proporção. O diretor extraiu performances arrebatadoras do elenco que conta com: Matt Dillon, Sandra Bullock, Don Cheadle, Ryan Phillippe, Brendan Fraser e Thandie Newton.

É bom ver um filme que coloca o dedo na ferida que todos tentam esconder. A maioria das pessoas não fala, desabafa; não cobra, exige; não conversa, impõe; não questiona, ataca; não pede, manda. E assim a cada dia que passa, vamos nos afastando dos outros e de nós mesmos. Evitamos aproximações por achar que estamos correndo riscos. Não estendemos a mão para não correr o risco de um envolvimento maior. Não expomos nossos sentimentos para não mostrar quem realmente somos. Só que viver é arriscar-se a morrer. Evitar os riscos e viver numa redoma de vidro é desperdiçar a chance de aprender, crescer, mudar e amar. Dar um passo em direção ao próximo pode fazer com que a gente perca os sentidos por algum tempo. Mas ao ficarmos estáticos, não perdemos apenas os sentidos, perdemos a vida...
*jornalista

Somos malucas porque pensamos demais

Roberta Costa

Quando meu amigo Thiago Freitas (idealizador deste blog) me mostrou o projeto do Lagos Alternativa logo o questionei: e eu, vou fazer o que? Afinal, não poderia ficar de fora de um projeto tão bacana de uma pessoa que tenho o maior respeito e admiração. Na mesma hora ele disse que eu poderia escrever sobre o que quisesse. Então, a minha resposta já estava pronta e como num impulso respondi: quero escrever sobre comportamento feminino. Mas confesso que também fui um pouco mais além, disse para ele que queria mostrar como nós mulheres somos malucas (foi esse mesmo o termo que usei). Ele, Thiago, mostrou ter gostado da idéia, mas depois de ter me dito que eu poderia escrever sobre qualquer coisa... que bom que aceitou.

Depois disso, minha cabeça ficou a mil, comecei a pensar nos mais variados temas que poderia abordar, afinal o objeto de estudo é riquíssimo... Mas, passada a euforia do primeiro momento, veio a tensão: será que vou dar conta? Será que vão gostar da minha coluna? Será que terei temas interessantes? Será? Será? Será? A essa altura já estava apavorada.

Então, para tentar aceitar e a idéia de verdade, resolvi comentar com um amigo sobre a minha nova empreitada: assinar uma coluna escrevendo sobre as nossas deliciosas maluquices. Além de rir, é claro, ele prontamente respondeu: “vocês são malucas porque pensam demais!” Como não podia deixar escapar uma opinião masculina, aproveitei para questioná-lo como deveríamos ser. A resposta? Um simples e objetivo: “vocês têm que parar de pensar e agir, só isso”. Depois de ler isso (a conversa foi pelo MSN) vocês já devem imaginar o que eu fiz: comecei a pensar sobre a opinião dele.

Pensei porque pensamos tanto? Será que é errado pensar? Será que os homens realmente nos acham malucas só porque pensamos? Mas se pensamos é porque queremos que tudo seja perfeito, sem surpresas... E eles, não pensam? E eles pensam que são quem? Ou melhor, será que eles pensam? Calma meninos, a idéia da coluna não é criar um espaço para as moças reclamarem dos rapazes. Não estamos aqui para criar desavenças, muito pelo contrário... se é que vocês me entendem.

Depois de muito pensar, comecei a acreditar na teoria do meu amigo, afinal, não é muito difícil comprová-la. Vou lembrar alguns momentos para vocês terem uma idéia.

Roupa - Se vamos comprar uma roupa, nada demais, apenas uma pecinha para afagar o nosso ego, experimentamos mil coisas, não conseguimos decidir se estamos precisando de uma calça, de uma blusa, saia, short... afinal, são peças bem similares, né? Pensamos peça por peça, olhamos tudo, gostamos de tudo, detestamos de tudo no nosso corpo e resolvemos buscar em outra loja. No final das contas, exaustas, resolvemos voltar para aquela primeira loja, onde tinha uma blusa ma-ra-vi-lho-sa. Pena, que só conseguimos chegar a essa conclusão depois de um dia inteiro de muita “bateção” de perna. Tudo bem, não é nenhum esforço tão grande, mas... poderíamos ser um pouco mais simples e objetivas.

E quando precisamos encontrar uma roupa especial para aquele primeiro encontro tão esperado? Experimentamos as mais de 50 combinações do nosso guarda-roupas, vasculhamos o armário da irmã, tentamos encontrar alguma pecinha da prima, pedimos socorro para as amigas e nos damos conta de que ninguém tem absolutamente nada que esteja a altura daquele momento tão especial e indescritível. E mais, nem precisa mencionar que passamos o dia inteiro pensando na roupa que íamos vestir, na maquiagem, nos acessórios...

Telefone – Arrepiou só de ler essa palavrinha? É queridas, eu acho que piramos quando estamos diante desse objeto. Se queremos ligar para o gatinho apenas para sugerir uma saída à noite o nosso coração pula pela boca e a nossa mente não descansa um só minuto: o que ele vai achar de mim por estar ligando? Será que serei oferecida? E se ele não atender a ligação? E se atender? E se ele não aceitar o convite? E se ele aceitar? O que eu faço? O que eu falo? A essa altura ele já atendeu e desligou o telefone uma vez que ninguém respondeu ao ‘alô’ dele.

E quando o telefone toca? Você olha no visor do celular e lá está o nome que você mais queria ver piscando no seu aparelho. Enquanto o “bicho” esperneia para ser atendido, somos invadidas por pensamentos no mínimo insanos: o que ele quer? Será que vai inventar mais uma desculpa para não sair hoje à noite? Será que está ligando para pedir para eu nunca mais procurá-lo? Será que ele quer me dizer que encontrou a mulher da vida dele e que essa não sou eu? Será? Será? Quando essa avalanche de pensamentos passa, percebemos que a ligação ficou perdida, pois não conseguimos atendê-la, afinal às vezes ficamos paralisadas com os nossos pensamentos e como o meu amigo disse, deixamos de agir!

Para nós mulheres é delicioso pensar, acho que antecipamos as emoções e nos certificamos de que tudo vai dar certo, mesmo sabendo que tem tudo para dar errado. Pensando bem, só para contrariar o meu amigo, se os homens agem mais, por que será que sempre pensamos que eles não fazem nada? Ficam parados à espera dos nossos movimentos, estes, é claro, que só serão executados depois de pensarmos muito bem.
São nesses momentos que constato como somos loucas, malucas mesmo. Mas tenho certeza de que são essas nossas deliciosas insanidades, que fazem de nós peças únicas e raras, sem contar que depois que o sofrimento passa (como o de não encontrar uma roupa perfeita) tudo isso se torna uma grande e divertida história para dividirmos com as amigas.

Pensando bem, vamos continuar pensando muito...


*jornalista e editora-chefe do jornal Folha dos Lagos

Falar certo

Eraldo Mai

Estava eu recém-chegado ao Arraial (ou a Arraial?) do Cabo, já faz quase trinta anos, quando, no dia seguinte a minha mudança, (eu vinha do Rio de Janeiro), fui à Praia Grande, bem perto da casa onde morava. Lá conheci um pescador, “seu” Cunha, grande e doce figura. Entre as tramas de uma enorme rede, ele consertava os estragos feitos pelas mantas dos peixes, nela, de quando em vez, aprisionados.

Pusemo-nos a conversar animados. Sempre fui considerado um bom interlocutor, porque me agrada escutar, falo mais do que ouço, e os muito falantes, como o amigo que eu acabara de conhecer, apreciam os que os ouvem atentos. Pois assim ficamos por largo tempo. A conversar. Eu ouvia com o júbilo natural dos que fazem novas descobertas, com o encanto dos que se inteiram de novas realidades. “Seu” Cunha era muito loquaz, sua prosa corria solta, deslanchava, escorregava entre risos espontâneos, e nós nos deixávamos ficar ali, iniciando aquela que seria uma sólida e definitiva amizade.

A horas tantas, o velho pescador, que teria, naquela ocasião, um pouco mais dos anos que tenho hoje, me diz para minha surpresa: “Professor, eu não sei falar”. Não entendi. Como não sabia falar, se falava comigo havia mais de uma hora? Externei, então, meu espanto, ao que ele me disse: “Não sei falar certo”.

Agora eu percebia a razão pela qual aquele homem tão educado, tão respeitoso, tão afável, tão receptivo a um “forasteiro” me dissera que não sabia falar, embora falasse, e muito. É que ele supunha que sua fala fosse de uma categoria inferior à minha, uma vez que eu me apresentara a ele como professor da nossa língua. Ele julgava que a sua fosse uma fala errada, em virtude de caracterizar-se por inúmeras peculiaridades que são próprias ao falar cabista. Ele introjetara a falsa noção de que algumas pessoas falam de um modo certo, e outras, de um modo errado. Mas não é assim. As pessoas falam de modos diferentes, e, se sua fala é o meio pelo qual elas se comunicam com os membros de sua comunidade, as diferenças não passam de diferenças.

É certo que há falas socialmente prestigiadas, enquanto outras se desqualificam. Os falantes dos grandes centros urbanos do Sudeste, por exemplo, supõem que a sua seja a fala correta, sendo incorreta a fala dos homens do interior ou das populações de pequenas cidades litorâneas, como Arraial do Cabo.

Nesta (escrevo de Arraial) outrora vila de pescadores, o falante nativo, ao pronunciar uma palavra como “manteiga”, realiza a consoante /t/, anteposta ao ditongo /ey/, de maneira chiante, além de tornar o ditongo uma só vogal: algo assim como “mantchega”. Os cariocas veranistas acham uma graça imensa nisso, ou mesmo fazem de tal prosódia alvo de sua zombaria. Esquecem-se de que realizam, na sua fala carioca, como “tchiatro” a palavra “teatro”, tornando a consoante /t/ idêntica à de “mantchega”. Não se dão conta de que se trata do mesmo fenômeno, chamado tecnicamente de alofonia (variante do fonema). Antes da vogal /i/, (e os cariocas realizam o “e” de teatro como /i/), sempre ocorre essa alofonia na fala dos falantes do Rio. Não é assim, como o sabemos, em todo o território brasileiro. Mas o Rio já foi a capital do país, é um grande centro cultural, uma cidade cosmopolita, e, forçosamente, todos os que falam a fala carioca julgam falar uma fala certa, ao passo que os pescadores mais antigos de Arraial do Cabo, uma cidadezinha cuja população não encheria o outrora maior estádio de futebol do mundo, o Maracanã, devam falar uma língua estropiada, rude, inculta, pobre, desprezível.

Trata-se de uma concepção elitista e autoritária, anticientífica e profundamente antipática, especialmente uma concepção que gera atitudes em que falta o amor ao próximo. A língua é um instrumento para a comunicação entre os seres humanos. Ora, independentemente de o discurso ter-se organizado de acordo com um padrão normativo ideal, desde que haja entendimento nessa comunicação, os usuários da língua estão certos.

Lembro-me de uma referência feita num livro de Magda Soares. O cenário é o de uma sala de aula de escola pública. Os alunos são, evidentemente, oriundos das classes populares da sociedade. A professora quis saber quem fizera o dever de casa. Um menino lhe diz: “Ninguém não fez o dever, tia”. Revolta-se a moça com a criança. Então é assim que se diz, “ninguém não fez”? E ensina o que é correto ao aluno: “ninguém fez”. Justifica sua correção alegando que “ninguém” e “não” são palavras de sentido negativo. Ora, duas negações se tornam uma afirmação. Dizer que ninguém não fez é dizer que alguém fez. Verificando que ninguém havia mesmo feito a tarefa que passara, a professora comenta em alta voz: “É, ninguém fez nada”. Como? “Ninguém fez nada?” Não há, por acaso, em tal sentença, duas negações? Segundo o raciocínio lógico da professora, se ninguém fez nada, alguém fez alguma coisa, já que “o nada” “o ninguém” fez.

Então começamos a perceber a riqueza da língua, suas nuances, suas particularidades, sua força expressiva. Pode ser que, de um ponto de vista lógico ou matemático, duas negações se anulem, passando a afirmar. O mesmo não ocorre em português, porque duas negações enfatizam a idéia negativa. Suponhamos que alguém me pergunte se fui à praia no último fim de semana e eu responda que não fui não. Teria eu, porventura, ido, já que neguei o não ter ido, repetindo a negação? Todos entendemos nitidamente que, repetindo a palavra “não”, estou intensificando a idéia negativa. Por isso, o poeta Fernando Pessoa escreve: “Não sou nada”. E Vinícius de Moraes, na letra de “Samba em Prelúdio”, afirma: “Sem você, meu amor, eu não sou ninguém”. A aceitarmos como plausível a idéia de que as negações se anulam, estaria o poeta dizendo que, sem a amada, ele era alguém, já que não era ninguém?

Por que motivo a professora reprova o procedimento lingüístico de seu aluno, que dissera “ninguém não fez”, e não percebe que o argumento desqualificador da fala da criança poderia ser utilizado para desqualificar a sua (dela) fala? Muito provavelmente porque pessoas da classe social da professora falam assim (“Ninguém fez nada”), mas não falam “Ninguém não fez”. Isso é tudo. Se pessoas do meu grupo social, da classe a que pertenço, pessoas do meu nível de escolaridade falam de determinada maneira, essa é a fala normal, a fala correta. Se pessoas de estratos sociais inferiores falam de maneira diferente da minha fala, estão falando errado.

Em verdade, em verdade lhes digo. Ninguém está falando errado. Ninguém não está falando errado. “Seu” Cunha sabia falar sim. E sua fala, de uma pessoa simples, afetuosa, era uma fala agradável, verdadeira, sem atitudes estudadas para agradar, mas que agradava naturalmente.

Dizer “nós vai” não está errado. É apenas diferente de dizer “nós vamos”. Afinal, as duas sentenças, distintas na forma, são idênticas em seu conteúdo semântico. A desinência (–mos) aponta para o agente do processo verbal (ir), repetindo aquilo que já o fizera o pronome “nós”. A informação é, por conseguinte, a mesma. Onde está o erro?

Quer dizer, então, que não existe uma fala incorreta? Até existe: é a fala mentirosa, a fala que tem por intuito iludir, enganar. A fala dos que usam as palavras não para a edificação de uma convivência fraterna entre os homens. A fala dos hipócritas, dos fariseus.

Não defendo, evidentemente, a idéia de que os falantes das classes populares não tenham acesso à variedade dita culta da língua. É um direito seu. Como também é um direito aquele que têm de ver sua variante lingüística respeitada pelos que falam de maneira diferente da sua. A beleza de uma língua, afinal, está nessa diversidade de usos, nessa manifestação plural, viva, levando-nos à compreensão e aceitação das diferenças.

*Poeta e professor de Língua Portuguesa da Ferlagos

Eraldo Mai - Conversos


Celebração

já despertos os
pássaros
com mantras me despertam
celebrando este dia

pássaros que me ensinam:
o dia recém-vindo
é Deus que me visita

do sono saio então
me banho de água fria
sou pássaro e recito

o mantra que medito
depois me visto e vou
para o encontro do dia

lá no caminho encontro
mais pássaros: pessoas
celebra-se a harmonia

e o encontro das pessoas
nessa celebração
torna-se então poesia

_________________



Declaração de Amor

eu amo a Deus
como a terra
ama a chuva
que a faz grávida
da possibilidade do fruto

eu amo a Deus
como o pássaro
ama a árvore
em que se abriga da noite
e que o nutre do fruto

eu amo a Deus
como a estrela
ama o céu infinito
lá brincando entre as outras
o cósmico brinquedo

eu amo a Deus
como a criança
ama aquela
que de afeto a nutre
ama aquela que é mãe

como tudo que vive
ama a fonte
em que surge
e está sendo

assim
assim eu amo
assim eu amo a Deus

*Eraldo Maia é poeta e professor de Língua Portuguesa da Ferlagos



Paulo Brunner

EM 1964, POR MUITO MENOS, HOUVE UM GOLPE MILITAR

Estamos passando por momentos extremamente preocupantes. Isto pode parecer exagero, mas, a bem da verdade, o país está mergulhado numa crise moral e política jamais vista. O que se passa no Congresso Nacional não tem mais adjetivos para caracterizar a casa da Mãe Joana em que aquilo se transformou. Esta discussão idiota sobre a aprovação da CPMF é uma demonstração tácita de como os senhores senadores nos tratam como bobos, como se fôssemos todos acreditar que estão realmente preocupados com o povo. Barganhar a aprovação do projeto em troca de diminuir a sua alíquota no futuro, entre outras propostas espúrias, é pura cortina de fumaça. A CPMF será prorrogada sim e estamos conversados.
Os fogos de artifício que saudaram a liberdade dos soldados da PM que estavam presos por suspeita de colaborarem com traficantes e criminosos é a prova cabal do deboche e do desrespeito que boa parte da polícia nutre pela população que a paga para ser protegida. Enquanto isso, a bandidagem deita e rola.
Como se não bastasse, nosso venerado presidente ousa afirmar que não existe crise energética no Brasil. Tudo vai muito bem e até 2012 vai sobrar energia. Enquanto isso trata a Petrobrás como se fosse propriedade sua e que a empresa vai atuar do jeito que o Governo determinar. Lula, do alto de sua inequívoca sapiência de botequim, esqueceu que existem 49% de acionistas que não concordam com tamanha imbecilidade. Pior: depois de levar um pé na bunda do cacique Evo Morales, vamos investir novamente na Bolívia até que Hugo Chávez volte a mandar expropriar tudo de novo.
Um país em que os bancos são as empresas mais lucrativas, em que bandidos possuem armas mais poderosas que a polícia e que trata vagabundos invasores de terras como cidadãos de bem, não passa de um paiol de pólvora que pode explodir a qualquer momento.

A MÃO QUE AFAGA É A MESMA QUE APEDREJA

Marquinho Mendes, quando candidato a Deputado Estadual, espalhou um “folder” pela cidade em que dizia que trouxera a UFF para Cabo Frio. Mal tomou posse, mandou acabar com o convênio e expulsou a UFF da cidade. O povo de Rio das Ostras riu e agradeceu.

ATÉ PARECE QUE CABO FRIO NÃO PRECISA DE MAIS HOTÉIS

Quando era Secretário de Turismo do Prefeito Alair Corrêa, Carlos Victor lutou bravamente para tornar os terrenos ainda desocupados da orla da Praia do Forte, áreas exclusivas para a construção de hotéis. Parece que mudou de idéia ou perdeu a guerra: num dos terrenos será construído um imenso prédio de apartamentos, muitos dos quais de quarto e sala.

QUE FIM LEVOU?

O Programa de Regularização de Logradouros e Endereçamento Imobiliário, criado por nós para acabar com a desorganização postal de cabo Frio foi abandonado pela Prefeitura. Vai ver, não servia para nada mesmo.

*professor

Carta aberta a uma alfabetizadora

Guilherme Guaral

Querida Tia Lúcia,

Escrevo esta carta, pois estou com saudades. A última vez que te escrevi foi há quatro anos. Engraçado que mesmo depois desse tempo todo ainda continuo a te chamar de Tia. É, você foi para mim e tenho certeza para todos os seus alunos a TIA Maria Lúcia. Li numa Revista sobre Educação que alguns pedagogos criticam essa forma de tratamento com as professoras. Achei essa conversa uma grande bobagem! Chamar de Tia demonstra carinho, afeto, proximidade. Aliás, sem esses temperos não dá para se aprender nada!

Você sempre foi a TIA Maria Lúcia. TIA em maiúsculo! Tudo que você fazia era maiúsculo! As brincadeiras de roda, as músicas e as histórias que você nos contava não saem da minha memória. Algumas vezes você apagava as luzes, fechava as cortinas ou tapava as janelas com papel celofane, a sala ficava mágica, toda colorida. Pegava o disquinho e colocava na vitrola. Nossa, como o tempo passou!.. O disquinho na vitrola portátil vermelha! Me lembro como se fosse hoje... A turma de olhos arregalados ouvindo as histórias do Sítio do Pica-pau amarelo. E num dia, você se vestiu de Tia Nastácia e levou uma travessa cheia de cocadas, pé-de-moleque e broa de milho. E fomos nós que íamos lendo as histórias do Lobato. Cada página, um aluno. Cada página uma aventura. Cada página um sonho e um doce. É porque quem caprichava na leitura ganhava um doce inteiro. Se lesse com preguiça, de qualquer maneira, só ganhava metade ou um farelinho da guloseima.

Acho que nosso desejo de aprender ficou misturado com o cheiro e o gosto das cocadas, bolos de fubá e pão de queijo.

E você nos conduzia, literalmente, de mãos dadas para aprender de tudo. Passeávamos pela escola, pelo bairro, pelas praças, nos mercados, nos asilos, sempre com nosso caderno e o lápis para escrever o que a gente quisesse. Como você nos dizia: O que desse “na telha”! Engraçado, sabe que eu sempre fiquei imaginando que ao invés de cabelos nasceriam telas nas nossas cabeças! O que der “na telha”! E a gente anotava tudo, quase tudo. As vezes não anotava nada, mas você notava e sentava com cada um e procurava saber o porquê daquela folha em branco. Aí você abria o seu ouvido e nós abríamos nosso coração. Quantos segredos, tristezas, alegrias, raivas, ilusões!Quantas paixões você ouviu e dividiu conosco.

Na semana passada encontrei o Deco. Hoje ele é capitão do exército. Conversamos muito, demos muitas risadas. Ele me contou que você foi muito importante na vida dele. Talvez você nem se lembre, afinal, são tantos alunos, mas quando ele perdeu a mãe num acidente de carro foi você quem lhe deu força, carinho, atenção. Olha, ele ia falando de você e os olhos ficaram cheios d’água. Ele tentou segurar, disfarçou, mas não deu. O Deco chorou. Não de tristeza, mas de emoção, saudades e gratidão a você. Imagina, que o Deco me disse que guardou um monte de desenhos da nossa época. É por que se nós nção escrevêssemos nada tínhamos que fazer um desenho, colar uma gravura. A folha em branco é que não podia ficar. E não ficava mesmo!

Querida TIA Maria Lúcia, tenho que encerrar essa carta. Meu filho caçula está querendo fazer os deveres de casa. Ele está se alfabetizando. Hoje vamos pesquisar gravuras da família do M. Tenho ajudado o máximo possível porque sei que esse momento é fundamental para que a paixão pela leitura apareça. Para que o gosto de escrever seja constante e para que não se perca o encantamento do mundo, porque a escrita é a nossa marca nessa vida! Isso você me ensinou. A ser um apaixonado pelos livros, pelas histórias e saber que sou capaz de expressar tudo o que eu sinto através das palavras. Isso eu nunca vou me esquecer e queria aproveitar essas últimas linhas para te agradecer pela paciência, pelo carinho, pela alegria que sempre você demonstrou conosco. Quero te agradecer também pelas broncas que quando merecíamos você nos dava. Como aquela em que só de bagunça derrubamos uma caixa de giz colorido no chão e pisamos em cima, amassando tudo. Subiu uma poeirada colorida. Pois é, você nos fez varrer tudo e guardar o pó do giz num saquinho plástico. Depois pegou umas lixas e começamos a fazer denhos com cola e o pó de giz. Para você tudo se aproveitava. Tudo tinha um porquê. Tudo fazia sentido!

Se estivesse aí do seu lado eu te cantaria uma canção, que sempre que ouço tocar no rádio eu me lembro de você, da sua luta, do seu compromisso com os alunos, com a escola, com a vida. Você sempre foi uma guerreira, uma fada, as vezes feiticeira, mas, sempre, sempre, sempre foi e será a nossa TIA Maria Lúcia.

Beijos do seu eterno aluno

Guilherme Guaral

• OBS.: A música que eu mencionei acima é esta:


Maria, Maria (Milton Nascimento e Fernando Brant)

Maria, Maria, é um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece viver e amar
Como outra qualquer do planeta
Maria, maria, é o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta

Mas é preciso ter força, é preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria, mistura a dor e a alegria
Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania de ter fé na vida


*Ator, professor e diretor do Teatro Municipal de Cabo Frio

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Lagos Alternativa – Uma nova opção em jornalismo (em breve)

Existe um novo jornalismo na Região dos Lagos. Uma nova proposta editorial. Uma imprensa de fato alternativa, independente e respaldada pelos benefícios que a internet, a grande rede mundial de computadores, trouxe à liberdade de expressão. É o que podemos chamar de democratização do direito de informar e de gerar opinião, de debater idéias, fazer análises sobre nossa sociedade, sem a interferência da chantagem imposta pelo poder público, que financia veículos de comunicação a troco de não virar alvo de críticas que possam macular a imagem de um ou outro governante.
Nossa idéia, a princípio, não é a de atacar, mas fiscalizar, com toda certeza. Queremos ser mais uma ferramenta no auxílio da manutenção da democracia, abrindo este espaço não apenas para nomes já estabelecidos no nosso meio de imprensa, como também às pessoas comuns que tenham algo a dizer, reclamar, informar, enfim.
O blog Lagos Alternativa visa estabelecer-se como a primeira revista eletrônica da Região dos Lagos, contando com uma variedade de temas, abordados por nossos colaboradores, sejam eles colunistas fixos ou aleatórios, pessoas do povo ou, simplesmente, nossos patrocinadores (que não são de nenhuma prefeitura local). A partir do próximo dia 10 de novembro, os leitores encontrarão nestas páginas muito mais do que informação. Encontraram um ideal de construir, através de uma imprensa livre, um novo conceito de jornalismo e um novo conceito de sociedade.
Sejam todos bem-vindos!