sábado, 10 de novembro de 2007

Somos malucas porque pensamos demais

Roberta Costa

Quando meu amigo Thiago Freitas (idealizador deste blog) me mostrou o projeto do Lagos Alternativa logo o questionei: e eu, vou fazer o que? Afinal, não poderia ficar de fora de um projeto tão bacana de uma pessoa que tenho o maior respeito e admiração. Na mesma hora ele disse que eu poderia escrever sobre o que quisesse. Então, a minha resposta já estava pronta e como num impulso respondi: quero escrever sobre comportamento feminino. Mas confesso que também fui um pouco mais além, disse para ele que queria mostrar como nós mulheres somos malucas (foi esse mesmo o termo que usei). Ele, Thiago, mostrou ter gostado da idéia, mas depois de ter me dito que eu poderia escrever sobre qualquer coisa... que bom que aceitou.

Depois disso, minha cabeça ficou a mil, comecei a pensar nos mais variados temas que poderia abordar, afinal o objeto de estudo é riquíssimo... Mas, passada a euforia do primeiro momento, veio a tensão: será que vou dar conta? Será que vão gostar da minha coluna? Será que terei temas interessantes? Será? Será? Será? A essa altura já estava apavorada.

Então, para tentar aceitar e a idéia de verdade, resolvi comentar com um amigo sobre a minha nova empreitada: assinar uma coluna escrevendo sobre as nossas deliciosas maluquices. Além de rir, é claro, ele prontamente respondeu: “vocês são malucas porque pensam demais!” Como não podia deixar escapar uma opinião masculina, aproveitei para questioná-lo como deveríamos ser. A resposta? Um simples e objetivo: “vocês têm que parar de pensar e agir, só isso”. Depois de ler isso (a conversa foi pelo MSN) vocês já devem imaginar o que eu fiz: comecei a pensar sobre a opinião dele.

Pensei porque pensamos tanto? Será que é errado pensar? Será que os homens realmente nos acham malucas só porque pensamos? Mas se pensamos é porque queremos que tudo seja perfeito, sem surpresas... E eles, não pensam? E eles pensam que são quem? Ou melhor, será que eles pensam? Calma meninos, a idéia da coluna não é criar um espaço para as moças reclamarem dos rapazes. Não estamos aqui para criar desavenças, muito pelo contrário... se é que vocês me entendem.

Depois de muito pensar, comecei a acreditar na teoria do meu amigo, afinal, não é muito difícil comprová-la. Vou lembrar alguns momentos para vocês terem uma idéia.

Roupa - Se vamos comprar uma roupa, nada demais, apenas uma pecinha para afagar o nosso ego, experimentamos mil coisas, não conseguimos decidir se estamos precisando de uma calça, de uma blusa, saia, short... afinal, são peças bem similares, né? Pensamos peça por peça, olhamos tudo, gostamos de tudo, detestamos de tudo no nosso corpo e resolvemos buscar em outra loja. No final das contas, exaustas, resolvemos voltar para aquela primeira loja, onde tinha uma blusa ma-ra-vi-lho-sa. Pena, que só conseguimos chegar a essa conclusão depois de um dia inteiro de muita “bateção” de perna. Tudo bem, não é nenhum esforço tão grande, mas... poderíamos ser um pouco mais simples e objetivas.

E quando precisamos encontrar uma roupa especial para aquele primeiro encontro tão esperado? Experimentamos as mais de 50 combinações do nosso guarda-roupas, vasculhamos o armário da irmã, tentamos encontrar alguma pecinha da prima, pedimos socorro para as amigas e nos damos conta de que ninguém tem absolutamente nada que esteja a altura daquele momento tão especial e indescritível. E mais, nem precisa mencionar que passamos o dia inteiro pensando na roupa que íamos vestir, na maquiagem, nos acessórios...

Telefone – Arrepiou só de ler essa palavrinha? É queridas, eu acho que piramos quando estamos diante desse objeto. Se queremos ligar para o gatinho apenas para sugerir uma saída à noite o nosso coração pula pela boca e a nossa mente não descansa um só minuto: o que ele vai achar de mim por estar ligando? Será que serei oferecida? E se ele não atender a ligação? E se atender? E se ele não aceitar o convite? E se ele aceitar? O que eu faço? O que eu falo? A essa altura ele já atendeu e desligou o telefone uma vez que ninguém respondeu ao ‘alô’ dele.

E quando o telefone toca? Você olha no visor do celular e lá está o nome que você mais queria ver piscando no seu aparelho. Enquanto o “bicho” esperneia para ser atendido, somos invadidas por pensamentos no mínimo insanos: o que ele quer? Será que vai inventar mais uma desculpa para não sair hoje à noite? Será que está ligando para pedir para eu nunca mais procurá-lo? Será que ele quer me dizer que encontrou a mulher da vida dele e que essa não sou eu? Será? Será? Quando essa avalanche de pensamentos passa, percebemos que a ligação ficou perdida, pois não conseguimos atendê-la, afinal às vezes ficamos paralisadas com os nossos pensamentos e como o meu amigo disse, deixamos de agir!

Para nós mulheres é delicioso pensar, acho que antecipamos as emoções e nos certificamos de que tudo vai dar certo, mesmo sabendo que tem tudo para dar errado. Pensando bem, só para contrariar o meu amigo, se os homens agem mais, por que será que sempre pensamos que eles não fazem nada? Ficam parados à espera dos nossos movimentos, estes, é claro, que só serão executados depois de pensarmos muito bem.
São nesses momentos que constato como somos loucas, malucas mesmo. Mas tenho certeza de que são essas nossas deliciosas insanidades, que fazem de nós peças únicas e raras, sem contar que depois que o sofrimento passa (como o de não encontrar uma roupa perfeita) tudo isso se torna uma grande e divertida história para dividirmos com as amigas.

Pensando bem, vamos continuar pensando muito...


*jornalista e editora-chefe do jornal Folha dos Lagos

Um comentário:

Anônimo disse...

Beta, bendita sois vós entre os homens.
Ainda bem, deu pra reabilitar esse ambiente de machesa preponderante no Blog do Titi (ele fica puto quando o trato por esse apelido).
Apareça mais, venha aquecer o visual e nos brindar com essas inocentes pirações de mulher.
É bom saber o que se passa na cabeça da mulherada, especialmente de mulher bonita e inteligente.
Pra não perder a viagem, lembre mulher nenhuma se arruma para "aquele esperado primeiro encontro" (a menos que seja amigo de internet, muito comum hoje em dia). No mínimo, o coração deve palpitar mesmo pelo segundo encontro. O primeiro, foi para marcar...
beijos. Quero vc mais vezes
Saudades
Paulo Freitas.