sábado, 21 de junho de 2008

Feijoada da Folha

Iguaria completa e
rodeada de história


Feijoada da Folha - Terceira edição do evento remonta sabor e história de um costume que, na verdade, não é tão brasileiro quanto se pensa. Mas o que importa? Verdade é que Portuguesa, francesa, ou à brasileira, a feijoada é booooooa...

por thiago freitas

O tamanho da foto foi de propósito. Claro. Afinal, se só de pensar em feijoada tem muita gente que baba, imagina olhando assim bem de perto. Além disso, se este jornal fosse virtual, com certeza teria uma musiquinha de fundo, chicobuarqueando algo como “Mulher / Você vai gostar / Tô levando uns amigos pra conversar / Eles vão com uma fome que nem me contem / Eles vão com uma sede de anteontem / Solta cerveja estupidamente gelada prum batalhão / E vamos botar água no feijão”. E tudo isso com apenas um objetivo: lembrar que hoje será realizada a terceira edição da Feijoada da Folha, evento que vem se tornando tradicional e que reúne sabor e resgate histórico deste velho costume de reunir amigos em torno de música e um típico prato brasileiro. Será?

A realização do evento da Folha, noticiado durante todo o mês de junho, não é lá uma novidade. Novidade, para muitos, pode ser o fato de que, pesquisando, eis que descobre-se que a feijoada, prato muito apreciado no Brasil, não tem lá suas raízes propriamente nas terras colonizadas pelos irmãos “portugas”.

A Wikipédia (sim, a internet tá aí para isso), a enciclopédia virtual, nos mostra que a explicação mais difundida sobre a origem da feijoada é a de que o senhores das fazendas de café, das minas de ouro e dos engenhos de açúcar davam aos escravos os "restos" dos porcos, quando estes eram carneados. O cozimento desses ingredientes, com feijão e água, teria feito nascer a receita. No entanto, a mesma fonte nos mostra uma outra versão para o fato dela ter se tornando tão tradicional, versão esta dada por Carlos Augusto Ditadi, técnico em assuntos culturais do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro.

Ditadi defende, em artigo publicado na revista Gula, de maio de 1998, que essa popular origem da feijoada não passa de lenda contemporânea, nascida do folclore moderno, uma visão romanceada das relações sociais e culturais da escravidão no Brasil.

"O padrão alimentar do escravo não difere fundamentalmente no Brasil do século XVIII: continua com a base, que fora estabelecida desde os primórdios, formada por farinha de mandioca ou de milho feita com água e mais alguns complementos. A sociedade escravista do Brasil, no século XVIII e parte do XIX, foi constantemente assolada pela escassez e carestia dos alimentos básicos decorrente da monocultura e do regime de trabalho escravocrata, não sendo rara a morte por alimentação deficiente. O escravo não podia ser simplesmente maltratado, pois custava caro e era a base da economia”, explica o pesquisador, acrescentando: “Não existe nenhuma referência conhecida a respeito de uma humilde e pobre feijoada, elaborada no interior da maioria das tristes e famélicas senzalas".

Para fortalecer ainda mais seu argumento, Ditadi aponta também a existência de um recibo de compra pela Casa Imperial, de 30 de abril de 1889, em um açougue da cidade de Petrópolis, no qual se vê que, consumia-se carne verde, de vitela, carneiro, porco, lingüiça, lingüiça de sangue, fígado, rins, língua, miolos, fressura de boi e molhos de tripas. Isso comprova que não eram só escravos que comiam esses ingredientes, e que não eram de modo algum "restos". Ao contrário, eram considerados iguarias.

A partir daí, ele chega a apontar a origem da feijoada a partir de influências européias, tendo a ver com receitas portuguesas, das regiões da Estremadura, das Beiras, Trás-os-Montes e Alto Douro, que misturam feijão de vários tipos - menos feijão preto (de origem americana) - lingüiças, orelhas e pé de porco.

Mais um forte elemento que afasta os relatos folclóricos do surgimento da feijoada em senzalas brasileiras é a publicação de um anúncio no Diário de Pernambuco, na cidade do Recife, de 7 de agosto de 1833, no qual se lê que um restaurante, o Hotel Théâtre, servia, às quintas-feiras, a “feijoada à brasileira”.

A feijoada completa, tal como a conhecemos, acompanhada de arroz branco, laranja em fatias, couve refogada e farofa (e feijão preto), era muito afamada no restaurante carioca G. Lobo, que funcionava (até 1905) na Rua General Câmara, 135, no centro do Rio. E segundo o pesquisador Pedro Nava, nos livros Baú de Ossos e Chão de Ferro, a receita contemporânea teria migrado da cozinha do estabelecimento G. Lobo para outros restaurantes do país. E hoje, estaremos todos a saborear e repetir quase 300 anos de história, seja a feijoada brasileira ou não...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Política e Corrupção

Cabo Frio na mira
da 'João-de-Barro'




por roberta costa*
Operação da Polícia Federal fechou,
pela manhã, a prefeitura do município

O município de Cabo Frio entrou na rota da maior operação da Polícia Federal desencadeada neste ano: a "João-de-Barro". Logo pela manhã, agentes fecharam a entrada da prefeitura, na Praça Tiradentes, impedindo o ingresso dos funcionários. Os policiais estavam cumprindo mandado de busca e apreensão a documentos referentes a repasses de verbas federais. Os mandados, segundo a PF, foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Em Cabo Frio, segundo o procurador geral do município, Carlos Magno, os agentes buscavam documentos de convênios firmados com a prefeitura na área de Educação, no ano de 1996, época da gestão do ex-prefeito José Bonifácio; na área da Saúde, no ano de 2004, período referente à gestão do ex-prefeito Alair Corrêa; e na área da Habitação, no ano de 2008, verba esta que, segundo o procurador, ainda não foi utilizada pela atual administração em virtude da criação do Conselho Municipal de Habitação, que ainda tramita na Câmara Municipal.

A operação no município da Região dos Lagos foi comandada pelo delegado Giovane Agnoleto, da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários, e contou com a participação de pelo menos mais três agentes.

Os documentos solicitados estavam todos nas respectivas secretarias, algumas fora da sede da prefeitura, o que levou algum tempo para ser colhido.

A operação, deflagrada em todo país, visa a investigar desvio de verbas repassadas pela União para obras por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo nota divulgada pela Polícia Federal, a suspeita é de que a quadrilha tenha movimentado cerca de R$ 2,7 bilhões nos últimos meses. Em todo o país, cerca de mil agentes cumpriram 38 mandados de prisão e 231 mandados de busca e apreensão em sete estados - São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Goiás, Tocantins e no Distrito Federal. Para Cabo Frio, não foi expedido nenhum mandado de prisão.

Operação começou
antes das 6 horas


Os agentes federais, que estavam na cidade desde a noite de quinta-feira, chegaram antes das seis horas da manhã e permaneceram até 8h30 na sede da prefeitura, quando os servidores puderam ocupar seus postos. Logo cedo, quem passou pela Praça Tiraden-tes pôde acompanhar a movimentação dos agentes, que estacionaram a viatura da PF em frente ao prédio do governo, e dos servidores que acupavam os bancos da praça aguardando o desenrolar do caso.

- Cheguei por volta das seis da manhã, e esse carro preto já estava aí. Não pude entrar, estou esperando isso acabar para poder fazer meu trabalho - disse uma servidora que não quis se identificar.

Ao sair do prédio, os agentes não quiseram dar declarações à imprensa e explicaram que a investigação segue em segredo de Justiça. Já o procurador do município, Carlos Magno, disse que todo material solicitado foi entregue aos agentes.

- Acordei com o chamado dos guardas municipais que atuam na prefeitura, informando que agentes federais estariam à procura de documentos. Colhemos todo o material necessário e atendemos ao pedido. Eles agiram com cortesia e tudo aconteceu na maior tranqüilidade - disse.

Alair e Bonifácio, ex-prefeitos, afirmam que
documentos antigos serviram para despistar

O ex-prefeito de Cabo Frio, José Bonifácio (PDT), que assumiu a cidade por duas gestões, disse que a inclusão de documentação do período da gestão dele foi um recurso encontrado pelo atual procurador do município, Carlos Magno, para desviar a atenção sobre o real motivo da presença de agentes federais na cidade.

- A inclusão de documentação na época em que fui prefeito nada mais é do que uma tática da atual gestão para desviar a atenção da opinião pública. Isso tudo é uma cortina de fumaça. A operação deflagrada é referente a repasses de verbas do PAC e não tem a ver com minha gestão - disse o ex-prefeito, acrescentando que nos dez anos que co-mandou a cidade teve todas as contas aprovadas e que também nunca teve nenhum inquérito que o investigasse.

Para o deputado estadual Alair Corrêa, o procurador do município quis minimizar a situação do prefeito, tentando envolver o seu nome e de José Bonifácio.

- Tenho 16 anos de executivo. Doze de prefeito e dois como presidente da Câmara de Vereadores. Todas as 16 contas desses anos de servidor da cidade estão aprovadas pelo Tribunal de Contas, não havendo nenhuma situação. Ele pode querer enganar algumas pessoas de Cabo Frio, informando que os policiais vieram pegar documentos de dois governos anteriores; no entanto, essa vinda da Polícia Federal em Cabo Frio é uma obediência aos mandados expedidos pelo Tribunal Superior de Justiça, para a Operação João de Barro, por desvio de dinheiro do PAC. Eles foram mandados para Cabo Frio pelo governo federal, e pelo ministério das cidades.

Alair destacou que “esse ministério só tem três anos com data fundada pelo presidente Lula e o PAC só tem dois anos, também criado por Lula”.

- Como poderia estar sendo investigados governos passados, se esses programas só tem 2 e 3 anos e o governo Marquinho Mendes quase 4 anos? As pessoas estão acompanhando o noticiário nacional e vão descobrir um grande mentiroso que é o Procurador do município. Mais rápido se pega o mentiroso do que o coxo - concluiu.
*Roberta Costa é jornalista, editora-chefe do jornal Folha dos Lagos

Delegado diz que 'João-de-Barro'
vai gerar 200 inquéritos criminais

Agência Brasil

BRASÍLIA - O superintendente da Polícia Federal em Minas Gerais, David Salem, disse nesta sexta-feira, em Brasília, que a Operação João de Barro - que cumpre 231 mandados de busca e apreensão e 38 mandados de prisão temporária em sete estados - pode resultar na instauração de, pelo menos, 200 inquéritos criminais.

- Vamos instaurar inquéritos para cada projeto, de forma que não se prejudique a investigação e se garanta a persecução penal. Houve desvio da ordem potencial de R$ 700 milhões, mas, com o correr das investigações, vamos dividir e chegar ao valor de cada projeto - afirmou Salem.

O esquema investigado pela Polícia Federal envolve desvio de recursos em obras de 114 municípios de Minas Gerais, três no Rio de Janeiro, um no Tocantins e um no Espírito Santo.

A investigação teve início em 2006 e apurou o superfaturamento de diversas obras, inclusive parte delas integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), realizadas com utilização de material de baixa qualidade.

- Ocorre a liberação de emendas para determinado município. Empreiteiras com lobistas se articulam para ganhar a licitação. E o projeto não é implementado de foma padrão. O dinheiro que sobra é dividido entre os integrantes do esquema - descreveu Salem.

Segundo a Polícia Federal, a realização da operação vai evitar que mais R$ 2 bilhões fossem destinados para obras do interesse dos investigados.
Segundo o diretor-executivo da PF, Romero Lucena, também presente à entrevista coletiva, "o mais positivo é estancar um esquema desse porte, tendo em vista o que ainda poderia acontecer".

sábado, 14 de junho de 2008

Entrevista - Luis Fernando Verissimo








Verissimo, o
superlativo escritor




por thiago freitas

Escritor fala sobre si, literatura, internet,
música, um novo livro e 'o pai'

"Isso é um gravador?", me pergunta Verissimo logo assim que eu coloco o aparelho de MP3 sobre a mesa à qual sentamos à beira da piscina de uma pousada no centro de Cabo Frio, para um bate-papo que duraria, sem sabermos, cerca de meia hora. Imediatamente, lembrei-me do texto dele, "O Gigolô das Palavras", no qual fazia certo sarcasmo do uso do gravador cassete ("certamente o instrumento vital da pedagogia moderna", dizia ele) por parte dos alunos do Farroupilha. Eles cumpriam a tarefa escolar de entrevistar o escritor a respeito de sua opinião sobre o estudo da Gramática no aprendizado da nossa ou de qualquer outra língua.

De certa forma, concordo com o Gay Talase, jornalista norte-americano, quando afirma que as grandes reportagens vêm gravadas no coração do repórter, não em gravadores ou pedaços de papel. Mas é perceptível, a partir de certas deixas, que esses nossos colegas do jornalismo, das gerações anteriores, vêem com certa desconfiança todo tipo de modernidade.

Por isso talvez Luis Fernando Verissimo se mostre um pouco espantado com a internet e a criação de uma nova linguagem a partir dela, além da proliferação de textos com supostas autorias que circulam dentro da grande rede, muitos com seu nome vindo abaixo como autor.

A entrevista, que se desenrolou descontraidamente como uma conversa qualquer, foi custosa no sentido de fazer se soltar essa figura singular que, embora gaúcho, carrega consigo uma timidez similar à dos mineiros.

Verissimo esteve em Cabo Frio para o lançamento do livro “Natureza Intacta & Agredida”, de Ernesto Galiotto, amigo de longas datas (se conheceram na Copa do Mundo de 1990, na Itália). O bate-papo, em seu conjunto, acrescenta a todos os fãs desse escritor - que, com todo refino, popularizou a leitura para milhões de brasileiros com crônicas que nos enchem as manhãs no ato de abrir o jornal - um pouco mais do jeito Verissimo de ser: superlativo e sintético.

Entrevistá-lo, aliás, é tarefa pela qual o repórter tem que batalhar. Educadíssimo, mas de poucas palavras (faladas), Verissimo nos obriga a pensar rápido para não deixar que em certos momentos um silenciozinho constrangedor paire no meio da conversa. O amigo e jornalista Otávio Perelló, que o entrevistou um dia antes de mim, durante um almoço na casa do Galiotto, também promete uma grande entrevista com o escritor, que será publicada no início do mês que vem na revista CIDADE. Valendo-se do seu ampliado conhecimento literário, Perelló conseguiu arrancar declarações de impacto do querido cronista, que, meio sem perceber, mergulhou na tarefa de analisar a pessoa e obra “do pai” (como se refere ao escritor Érico Verissimo, a quem, certamente, deve muito a literatura brasileira).

Lagos Alternativa - Li recentemente um pequeno texto na internet que era atribuído a você: “não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando do que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu”. Afinal, é seu?

Verissimo – Não, não é meu. O problema da internet é que está cheio de textos com a minha assinatura e que não são meus. Aliás, a maioria do que está lá nesse sentido não é de minha autoria. E é curioso, porque muitas vezes são textos bons e não entendo por qual motivo que a pessoa que escreveu não coloca o próprio nome.

LA - Você acaba ganhando a fama e o proveito.

Verissimo – Pois é. As pessoas elogiam e dizem “olha, gostei muito daquele texto seu que diz...”, e não é meu. Tem um texto chamado “O Quase”, acho que é esse, o trecho que você falou é tirado desse texto. E é um texto bom. As pessoas me elogiam por ele, e eu aceito os elogios (risos). É engraçado, porque uma vez eu estava no Salão do Livro, em Paris, há uns dois anos atrás, e uma senhora veio falar comigo que ela tinha traduzido vários autores brasileiros para o francês. Ela tinha feito um pequeno livro com traduções de Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, e tinha me incluído na seleção. Mas o texto que ela tinha escolhido era “O Quase”. E aí eu tive que falar para ele que não era meu. É um problema porque não há como controlar isso. As pessoas põem na internet o que quiserem e com a assinatura que quiserem.

LA - Você passa muito essas situações com relação à internet? Pois tem outros textos indefinidos também. Existe um que é “Ter ou Não Ter um Namorado”. Uns atribuem a Drummond, outros dizem que é de Artur da Távola, e nenhum dos dois, infelizmente, está mais aqui para poderem responder. Qual a sua opinião sobre a literatura dentro da rede de computadores, porque em outra época isso não acontecia?

Verissimo - É uma coisa que está meio fora de controle. Tem muitos textos atribuídos ao Jorge Luis Borges, também, a Marta Medeiros também tem vários que não são delas. Então não há o que fazer. A gente só fica torcendo para nunca dar algum problema, como difamar alguém e assinar com nosso nome e a gente ser responsabilizado por isso.

LA - Você tem uma produção de textos muito intensa e com temas muito diversificados, entre crônicas, poesia, romance. Como um escritor que mantém uma posição como um dos mais vendidos e mais lidos do país, qual a sua visão sobre o mercado editorial na atualidade, inclusive para aqueles escritores que estão começando agora e para os já consagrados, como você, o João Ubaldo Ribeiro, Paulo Coelho entre outros?

Verissimo – Olha, acho que está melhorando, aos poucos está ficando melhor, inclusive a garotada está lendo mais. A gente sente tudo que está sendo feito nas escolas, no ensino básico, para incentivar a leitura, torná-la uma coisa mais prazerosa. Apesar de não ter muito jeito para isso, eu sempre aceito o convite quando me chamam para ir às escolas conversar com os alunos, porque é uma forma da gente colaborar nessa briga para criar o hábito da leitura. Mas continua sendo um mercado muito limitado, apesar de tudo que tem sido melhorado. Na verdade são as limitações do Brasil. Somos um país do qual 70% da população não têm condição de consumir cultura, literatura. Portanto é um mercado muito restrito e que só vai mudar quando o Brasil mudar como um todo, quando sua economia mudar, pois é uma coisa vergonhosa 70% da população não ter, enfim, qualquer tipo de vida econômica.




[Eu, por exemplo, não conseguiria viver só com o que eu ganho com livro. Preciso ter minha atividade jornalística. Talvez o Paulo Coelho obviamente viva só dos livros]



LA - E você acha que para quem está começando no ramo da literatura, está mais fácil ou mais difícil hoje, mesmo contando com recursos como a internet? Tem muita gente publicando livros em blogs.

Verissimo – Pois é, essa é a grande novidade do mercado atual, a internet. Um veículo de divulgação para se publicar os textos, algo diferente e novo e com um público cada vez maior. Agora, publicar no Brasil da maneira tradicional, através de uma editora, isso continua difícil, porque geralmente as editoras não querem se arriscar com um autor novo, querem um autor que já seja conhecido, pois afinal de contas um livro demanda um investimento grande que requer um retorno. Por outro lado, um escritor só pode se tornar conhecido se for publicado, então entramos aí num círculo vicioso. E isso continua. O que tem muito que ajuda são esses concursos literários, que é uma maneira da pessoa se tornar conhecida, ganhar um prêmio.

LA - O caminho natural da sua geração, aliás, bem antes da sua, era sempre começar pelos jornais.

Verissimo – Certamente. Mas é bom lembrar que a profissão de escritor continua sendo uma profissão que não existe. Eu, por exemplo, não conseguiria viver só com o que eu ganho com livro. Preciso ter minha atividade jornalística. Talvez o Paulo Coelho obviamente viva só dos livros. Acho que o Rubem Fonseca também. Mas todos os outros têm uma atividade. O João Ubaldo tem coluna no jornal, trabalha para televisão. O (Carlos Heitor) Cony escreve para jornal também. Então, fica claro que é uma profissão que não existe.

LA - Mas essas atividades são uma forma de estar em contato com o público mesmo depois que o livro esfria.

Verissimo – É, isso também é bom, ajuda a se manter visível.

LA - Tem um conterrâneo seu que diz também que está vivendo apenas dos livros, o Eduardo Bueno.

Verissimo - O Peninha.

LA - Isso. Você também fez uma série de textos que era “Para Gostar de Ler”, voltado para as escolas, para o público infanto-juvenil. Isso é por acreditar que para haver um mercado editorial consistente com espaço para novos escritores primeiro são necessários novos leitores?

Verissimo - Com certeza. Isso é o que constitui um mercado editorial, o que infelizmente no Brasil não há. Você vê em um país como os Estados Unidos, existe um mercado grande para qualquer tipo de livro, não só para a boa literatura, mas também para a leitura fácil, policial etc. O importante é que exista mercado. Mesmo não sendo uma literatura de qualidade, mas que seja um mercado de literatura que permita ao escritor viver daquilo que faz, seja lá qual for o tipo de literatura dele.

LA - Quais os escritores novos que você tem visto de interessante?

Verissimo – Infelizmente eu tenho lido mais para me informar, e daí a gente acaba perdendo muito tempo com jornais e revistas, e leio muito sobre história também, política, economia, enquanto que a leitura por prazer fica meio relegada. Por isso eu conheço pouco esse pessoal novo, mas o mais novo que conheço é o José Roberto Toureiro, de que eu sempre gostei muito dele, desde o primeiro livro que li dele. Na verdade nem posso dizer que seja tão recente... O Milton Hatoum também eu gosto muito. Fora esses eu não tenho acompanhado muito, não.

LA - E qual é sua opinião sobre os chamados best-sellers? Existe a literatura feita por arte, com intuito de provocar pensamentos novos, criar inquietações no leitor. Mas são cada vez mais freqüentes as obras com o objetivo quase que exclusivo de venda. Como você vê esses produtos literários?

Verissimo – Eu acho ótimo que exista esse tipo de literatura porque movimenta, ajuda a manter o mercado editorial. Por exemplo, Paulo Coelho, que é muito discutido; é ótimo que as pessoas estejam entrando nas livrarias para comprar o livro dele, porque de rabo de olho podem acabar vendo outro livro que também as interesse... O importante é levar a pessoa para dentro da livraria. Seja para ler o Paulo Coelho, ou o Harry Potter, isso demonstra o interesse pelo livro, e eventualmente vão gostar de outro livro, da literatura de qualidade.

LA - Em o Gigolô das Palavras, você considera que a Gramática não é algo tão importante assim para a produção de um bom texto. Como que você avalia a questão da acessibilidade à linguagem, porque muitos tendem a achar que escrever bem é utilizar palavras rebuscadas e construir frases complexas?

Verissimo – Acho que há uma certa confusão entre escrever bem e escrever corretamente. Escrever corretamente seria seguir todas as regras da Gramática e não tomar liberdades com a linguagem. Já escrever bem às vezes depende da gente romper com essas regras, não obedecê-las. É claro que eu não estou pregando que as pessoas passem a escrever no sentido de não-corretamente, que ignore completamente a Gramática. Não é isso. Só acho que se deve escrever com certa liberdade, e se essa liberdade às vezes envolve agredir um pouco as regras da linguagem, então tudo bem. O importante é construir uma leitura atraente, que prenda o leitor. Muita gente discutiu isso comigo, me acusaram de estar pregando uma rebeldia contra a Gramática, mas não era bem isso. Temos é que encarar a língua com uma coisa viva e usá-la com liberdade.

LA - Agora, do seu pai, o romancista Érico Verissimo, quanto da literatura dele ou do estilo você acredita que carrega em seus textos?

Verissimo - Bom, o que ele fazia era meio diferente do que eu faço. Era romancista, embora também tenha começado fazendo contos. Mas acho que o pai foi um dos primeiros escritores brasileiros a escrever de uma maneira mais informal, um estilo influenciado pelos americanos, pelos ingleses. Na época em que ele começou, a influencia maior vinha da França, da Espanha, Portugal. E ele foi um dos primeiros a escrever uma literatura menos empolada, mais informal, e escapava também do gênero regionalista, muito em evidência naquele tempo através de Guimarães Rosa, José Lins do Rego. E ele foi diferente nesse sentido, do que tenho uma certa influência, porque tento escrever também de maneira mais informal, não muito empolada.

LA - Como que é seu ritmo de produção?

Verissimo - Durante muito tempo eu tive uma coluna diária, então tinha que ter pelo menos uma idéia por dia. Agora eu estou fazendo só três textos por semana, que saem no Zero Hora, no Estadão, no Globo e a Agência Globo distribui por entre os seus outros jornais. Tem ainda o texto que sai na revista de domingo do Zero Hora e na do Estadão.

LA - Você tem algum projeto atualmente?

Verissimo - Estou escrevendo um romance. Os meus romances, até agora foram cinco, todos foram mais ou menos encomendados. Este é o primeiro por iniciativa minha. Mas vai demorar um pouco ainda para ficar pronto. Fora isso têm os livros de crônicas, um que saiu agora há pouco, chamado “Mais Comédias Para Ler na Escola”, e um outro que vai ser lançado em breve, com crônicas mais sobre meio ambiente, política, uma coisa mais séria, mais pretensiosa. Já esse romance vai ficar pronto só lá para o ano que vem.

LA - E ele vai falar sobre o que, qual é o enredo?

Verissimo – O título provisório do romance é “Os Espiões”. Tem um pouco a ver com esse problema de publicar livro, de mercado editorial. O personagem narrador trabalha em uma editora e recebe um original misterioso pelo qual acaba se apaixonando, sem saber bem quem é o autor. Ele e outros começam uma espécie de espionagem para descobrir quem escreveu aquele original, mas é difícil de explicar porque é complicado o negócio. Não está bem definido ainda.

LA - Não sei se alguém já te disse isso, mas seus textos são tão cheios de irreverência, enquanto que você é bastante quieto, tímido. Isso é uma forma de expressar pela literatura aquilo que você não costuma falar?

Verissimo - Não sei até que ponto isso funciona como uma coisa compensar a outra. Não sei se isso é uma compensação. Conheço vários escritores extrovertidos cujas personalidades combinam com o que eles escrevem, o que não é meu caso. Eu tenho uma certa dificuldade de expressão, uma certa timidez, e isso não aparece nos textos, parece o contrário.

LA - O Vinicius de Moraes, ao que parece, era exatamente aquilo que aparecia nos textos e poemas dele, um boêmio, um ser romântico; o Drummond muito recatado, até surpreendeu a todos quando apareceu com aqueles poemas eróticos...

Verissimo – Exatamente. Tem outro exemplo também que é o Millôr Fernandes, que é brilhante tanto pessoalmente como escrevendo, a mente sempre funcionando.

LA - E como que acontece então essa sua relação com estudantes, já que você é muito convidado para comparecer em escolas? Pelo que a gente observa, seus textos são muito utilizados em livros didáticos, em provas de vestibular, de concurso. O mais interessante é que muitas vezes o mesmo texto é utilizado em séries do ensino fundamental e no superior.

Verissimo – Eu acho que o atrativo principal do texto meu é que eles são geralmente curtos, bem claros, inteligíveis, e por ali o aluno do ensino básico vai descobrindo a leitura, e acaba gostando. Mais tarde a turma maior acaba percebendo outras sutilezas que a garotada ainda não consegue entender.

LA - Você também é um escritor que trata de temas variados. Escreve sobre tudo: política, comportamento, relacionamento, meio ambiente, amor, juventude, comportamento feminino... Como que é para você essa procura, se é que você fica procurando coisas no dia-a-dia de que possa tirar um texto?

Verissimo – Bem, eu estou com 71 anos, então já vivi um pouco e tive minha própria experiência de vida, apesar de ser essa pessoa introvertida. Mas estamos sempre ouvindo os que os outros contam, vendo coisas acontecendo, lendo. Às vezes a partir de uma frase que alguém diz detona um processo de criação que pode acabar em uma história. Não existe uma forma. No entanto acredito que ajuda estar sempre atento ao que pode dar uma boa crônica. Além disso, tem muita coisa que me interessa, gosto muito de cinema, de esporte, política...

LA - E música! Todos sabem da paixão do Luis Fernando Verissimo pela música, especialmente o jazz. Como que isso começou?

Verissimo – Na verdade a música para mim foi anterior à literatura. Eu comecei a escrever bastante tarde, já com 30 anos, justamente quando eu comecei no jornal. Mas a música vem desde os 16 anos, quando aprendi a tocar o saxofone. Eu não tinha nenhuma intenção de ser músico profissional, mas sempre gostei muito da música. O que eu queria mesmo era brincar de jazzista, e de certa maneira é o que faço até hoje com minha banda [a Jazz 6]. E a banda tem músicos profissionais, o único metido a músico ali sou eu.

LA - Na área musical, você acha que a produção avançou mais do que na literatura, ou não, a literatura acabou inovando mais? Tem muita gente que diz que a música brasileira ficou ruim, que não tem mais produções do nível de um Chico Buarque e toda aquela geração.

Verissimo – Eu acho que a última grande coisa que teve na música nos últimos 30 anos foi o rock, que tomou conta de tudo e hoje é o ritmo universal, um estilo que começou com os negros norte-americanos nos Estados Unidos e depois acabou tomando conta do mundo. Acho que ele tem influenciado toda produção. Nós temos aqui no Brasil algumas exceções, porque a música brasileira é riquíssima, com muita variedade, então acho que resistiu um pouco com o rock quase que monopolizando o cenário. É muito interessante Chico Buarque, Caetano, essa turma toda, mas acredito que o grande determinante da música no mundo foi o rock, com todas suas variações.

LA - E na literatura, tem notado algum estilo novo?

Verissimo – Acho que aí o que está marcando é a linguagem do computador. Uma linguagem que criaram e que não sabemos até onde vai isso, mas temos de reconhecer que é uma tendência. Fica aquela velha história, se o livro vai desaparecer ou não. Enquanto precisarem de texto, seja para computador seja para livro, tudo bem. O chato vai ser quando aparecer um computador que também escreve (risos). Aí vamos nos tornar obsoletos.

LA - Éééé... Então tá, Verissimo. Acho que está bom, aliás, você tem que ir, né?

Verissimo – É. Mas foi bom. Você também escreve crônicas?

LA - Hummm... Escrevo! Mas não igual a você, Verissimo...

Luis Fernando Verissimo nasceu em 26 de setembro 1936, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Filho do grande escritor Érico Veríssimo, iniciou seus estudos no Instituto Porto Alegre, tendo passado por escolas nos Estados Unidos quando morou lá, em virtude de seu pai ter ido lecionar em uma universidade da Califórnia, por dois anos. Voltou a morar nos EUA quando tinha 16 anos, tendo cursado a Roosevelt High School de Washington, onde também estudou música, sendo até hoje inseparável de seu saxofone.

É casado com Lúcia e tem três filhos.

Jornalista, iniciou sua carreira no jornal Zero Hora, em Porto Alegre, em fins de 1966, onde começou como copydesk mas trabalhou em diversas seções ("editor de frescuras", redator, editor nacional e internacional). Além disso, sobreviveu um tempo como tradutor, no Rio de Janeiro. A partir de 1969, passou a escrever matéria assinada, quando substituiu a coluna do Jockyman, na Zero Hora. Em 1970 mudou-se para o jornal Folha da Manhã, mas voltou ao antigo emprego em 1975, e passou a ser publicado no Rio de Janeiro também. O sucesso de sua coluna garantiu o lançamento, naquele ano, do livro "A Grande Mulher Nua", uma coletânea de seus textos.

Participou também da televisão, criando quadros para o programa "Planeta dos Homens", na Rede Globo e, mais recentemente, fornecendo material para a série "Comédias da Vida Privada", baseada em livro homônimo.

Escritor prolífero, são de sua autoria, dentre outros, O Popular, A Grande Mulher Nua, Amor Brasileiro, publicados pela José Olympio Editora; As Cobras e Outros Bichos, Pega pra Kapput!, Ed Mort em "Procurando o Silva", Ed Mort em "Disneyworld Blues", Ed Mort em "Com a Mão no Milhão", Ed Mort em "A Conexão Nazista", Ed Mort em "O Seqüestro do Zagueiro Central", Ed Mort e Outras Histórias, O Jardim do Diabo, Pai não Entende Nada, Peças Íntimas, O Santinho, Zoeira , Sexo na Cabeça, O Gigolô das Palavras, O Analista de Bagé, A Mão Do Freud, Orgias, As Aventuras da Família Brasil, O Analista de Bagé,O Analista de Bagé em Quadrinhos, Outras do Analista de Bagé, A Velhinha de Taubaté, A Mulher do Silva, O Marido do Doutor Pompeu, publicados pela L&PM Editores, e A Mesa Voadora, pela Editora Globo e Traçando Paris, pela Artes e Ofícios.

Além disso, tem textos de ficção e crônicas publicadas nas revistas Playboy, Cláudia, Domingo (do Jornal do Brasil), Veja, e nos jornais Zero Hora, Folha de São Paulo, Jornal do Brasil e, a partir de junho de 2.000, no jornal O Globo.

Na opinião de Jaguar "Verissimo é uma fábrica de fazer humor. Muito e bom. Meu consolo — comparando meu artesanato de chistes e cartuns com sua fábrica — era que, enquanto eu rodo pelaí com minha grande capacidade ociosa pelos bares da vida, na busca insaciável do prazer (B.I.P.), o campeão do humor trabalha como um mouro (se é que os mouros trabalham). Pensava que, com aquela vasta produção, ele só podia levantar os olhos da máquina de escrever para pingar colírio, como dizia o Stanislaw Ponte Preta. Boemia, papos furados pela noite a dentro, curtir restaurantes malocados, lazer em suma, nem pensar. De manhã à noite, sempre com a placa "Homens Trabalhando" pendurada no pescoço."

Extremamente tímido, foi homenageado por uma escola de samba de sua terra natal no carnaval de 2.000.


Fonte: site Releituras (http://www.releituras.com/lfverissimo_bio.asp)


A entrevista teve resumo publicado na Folha dos Lagos, em 14 de junho de 2008

terça-feira, 3 de junho de 2008

Errata

A primeira grande errata

Claro que errar não é motivo de orgulho, mas não deixa de ser um ato que nos traz aprendizados. Neste momento, em que ameaça ser abalada a credibilidade e prestígio deste blog, mostramos que não é bem assim que agimos diante dos erros. Neste caso, não um erro de caráter de quem dirige o Lagos Alternativa, mas um erro de confiança.

Através de inúmeros comentários deixados para este editor, tomei conhecimento de um ato falho de um de nossos colaboradores, Everson Lyrio de Castro, que assina as críticas cinematográficas. Ficou comprovado que seus artigos eram provenientes de cópias feitas de outros sites da Internet, o que constitui plágio, um crime previsto pela lei de direitos autorais.

Estas linhas têm o objetivo aberto, sim, de se retratar, não apenas com os verdadeiros autores dos textos, mas principalmente com os leitores que os acompanham e também aos leitores assíduos do Lagos Alternativa. Isso porque eu, sinceramente, detestaria também ver alguém compilando os escritores que admiro e os colaboradores de nosso blog e assinando embaixo como pai da obra, em qualquer outro lugar. Mas antes disso, quero colocar algumas observações sobre o teor das críticas que recebi, muitas delas deselegantes e com o intuito de desmoralizar este editor, o blog e todos os demais que com ele colaboram.

Nos comentários postados, constam um bocado de ofensas pessoais, xingamentos, às vezes direcionados ao “autor” dos textos contestados, às vezes ao editor do blog, como esse, assinado por The Portal: “Quanto tirou no trabalho de escola pela "crítica"? Porque copiar o trabalho de outra pessoa mudando uma coisa ou outra e acrescentando introdução e conclusão eu fazia no primeiro grau, copiando a Barsa. Caso o plagiador (nunca jornalista, nem blogueiro) não apague este comentário, a verdadeira crítica pertence a Pablo Villaça, editor e crítico do Cinema em Cena (www.cinemaemcena.com.br) e pode ser encontrada aqui:
http://www.cinemaemcena.com.br/Ficha_filme.aspx?id_critica=7140&id_filme=95&aba=critica”.

Pois bem. Primeiro, sou, sim, jornalista, aliás, nasci em berço jornalístico, seguindo a profissão de meu pai. Quanto ao blog, tenho plena consciência da responsabilidade exigida para manter um na grande rede. Meu erro, no entanto, não foi de amadorismo, mal caratismo ou outro aspecto negativo. Foi, sim, de confiança. A pessoa que assinou os artigos é um amigo pessoal, por quem tenho muita amizade e respeito, e lamento muito passar por essa comprovada decepção. Ao tomar conhecimento de tais atos, a primeira providência foi tentar ouvi-lo, mas até o momento desta publicação, dele não consegui nenhuma declaração. Publiquei os textos em confiança, por ter lido outros escritos que me mostrava quando trabalhávamos juntos no jornal Folha dos Lagos, em Cabo Frio.

Outra observação: teve quem me acusasse de querer esconder os comentários. É bom lembrar a esses que a moderação deles é uma regra básica em quase todos os blogs e sites sérios de jornalismo, pois não podemos nos expor ao risco de publicar conteúdos que possam comprometer a credibilidade de nosso veículo de comunicação ou denegrir, mesmo que sem querer, a imagem de quem quer que seja. Podem ver, agora, que todos os comentários foram publicados, inclusive os ofensivos, sobre os quais vale mais uma observação: embora muitas vezes tenhamos razão quando reclamamos algo, é fácil perdê-la. O que quero dizer é simples. Muitos dos que deixaram seus comentários tinham razão para apontar a falha do colunista, e, por tabela, do blog, por não ter checado a autenticidade do texto (coisas que acontecem até nos mais renomados jornais, como o New York Times, por que não com um “bloguezinho” de meia dúzia de acesso ao dia).

Por fim, quero deixar aqui as minhas desculpas a todos, aos leitores do Lagos Alternativa, aos leitores dos autores que foram plagiados e principalmente aos verdadeiros autores dos textos. Só me abstenho de desculpar-me com àqueles que se apresentaram como anônimo, aproveitando para fazer pesadas ofensas se escondendo atrás deste recurso comum na Internet. A esse comentarista, resta dizer apenas que errar é natural. Estamos aqui, de cara aberta para bater. Meu e-mail está disponível ao público, o blog também, assim como meu nome verdadeiro e tudo o mais, porque não tenho medo do erro. Como editor do Lagos Alternativa, meu medo, sim, é de um dia me mostrar covarde de assumir abertamente, como faço agora, que errei. Neste caso, como já expliquei, meu erro foi confiar em quem errou. No entanto, mais feio do que cometer esse erro, caros colegas, é se esconder quando se está com a razão...

Forte abraço a todos!

Ps.: Os textos, com a permissão dos autores verdadeiros, serão republicados e assinados com as devidas correções, para que todos entendam o ocorrido. Além disso, serão mantidos os comentários, ainda que caluniosos, pois esses “excessos” também esperam retratação.
Thiago Freitas
(Editor do Lagos Alternativa)